Estabilidade do veículo fica comprometida e pode causar graves acidentes e segundo autoridades, este tipo de prática é crime
Radares, sinais com registro de avanço, multas mais duras. Mesmo com tanta fiscalização, motoristas ainda insistem em cometer infrações que põem risco a própria vida e a dos outros. Exemplo disso são os pneus “perucados”. Vendidos de má fé como remoldados ou de meia vida, na verdade são um improviso perigoso.
Na prática, borracheiros colocam uma capa de borracha para cobrir as partes gastas. O problema é que essa espécie de ‘peruca’ interfere na estabilidade do veículo e ainda pode soltar e causar acidentes graves. O que seduz são os preços. Colocar a peruca custa 40% do valor de um pneu novo.
De acordo com o tenente do Batalhão de Polícia Militar Rodoviária (PMR/MG), Geraldo Donizete, a parte emborrachada desse tipo de pneu cede com o aumento de temperatura ou variação de velocidade. A carcaça pode se desprender na via e causar acidentes.
“Não vale a pena este tipo de economia. A possibilidade de acidentes é enorme. Isso sem contar que fazer este tipo de intervenção é crime. A utilização de pneus irregulares pode render cinco pontos na carteira e multa de R$ 127,60”. Por outro lado, a manutenção periódica dos pneus originais garante a segurança de seus usuários, oferecendo rendimento e economia de combustível para motos, automóveis e caminhões.
Afinal, o que são os “perucados”?
“Perucados” são pneus reformados em desacordo com as normas do Instituto Nacional de Metrologia, Qualidade e Tecnologia (Inmetro). Segundo o presidente do Sindicato dos Reformadores (Sindipneus), Paulo Bitarães, borracharias clandestinas utilizam material de segunda mão para fazer a reforma.
“A estrutura do pneu tem que estar em perfeitas condições, sem qualquer alteração ou remendo. Já a borracha a ser usada, precisa ser nova. Todo o processo é bastante complexo, envolve química e vulcanização. Qualquer montagem que não siga esses critérios vira um risco para o motorista”, afirma Bitarães.
O Código de Trânsito Brasileiro determina que os sulcos na borracha devem ter, pelo menos, 1,6 milímetro. Qualquer valor inferior a esse compromete a estabilidade do veículo. Quem trafega com pneus irregulares comete infração grave e pode receber cinco pontos na carteira, além de pagar multa de R$ 127,69. O veículo fica retido até que seja feita a troca do pneu.
O Sindipneus alerta para que os compradores de pneus remoldados se certifiquem da presença do selo do Inmetro no produto. Só assim saberá que está comprando um pneu seguro. A vida útil dos pneus reformados pode se igualar à de um novo. Hoje, o Brasil é o segundo maior consumidor de remoldados no mundo.
Veja algumas dicas da Polícia Militar Rodoviária sobre a segurança dos pneus
- Limite de Segurança
Andar com pneu “careca” é proibido pela legislação de trânsito. O desgaste máximo do pneu (limite de segurança) é de 1.6 mm de profundidade dos sulcos. Abaixo dessa medida, o pneu deve ser trocado. Como identificar? Os pneus vêm com ressaltos na base dos sulcos para indicar o limite de segurança sem ter que se usar um medidor, o que permite ao próprio o motorista vistoriar o pneu periodicamente.
- Riscos
– Aumento da propensão de derrapagens laterais, mesmo em pista seca
– O espaço necessário para frenagem aumenta, mesmo em pista seca
– Impede a drenagem adequada de água, causando grande instabilidade em pistas molhadas, a famosa derrapagem
– Aumenta o risco de furos e cortes na banda de rodagem e quando o veículo está em movimento isso pode causar acidentes.
- Calibragem/Consequências da baixa pressão
– Aceleração do desgaste geral do pneu (trabalha mais quente)
– Aumento do desgaste nos ombros (apoio maior sobre esta área)
– Maior consumo de combustível (maior resistência de rolamento)
– Perda de estabilidade em curvas (alteração da área de contato com o solo)
– Direção pesada e perda da capacidade de manejo (maior resistência)
– Desgaste prematuro dos terminais de direção (aumento de exigência)
- Calibragem/Consequências do excesso de pressão
– Desgaste mais acentuado no centro da rodagem (apoio maior sobre esta área)
– Perda de estabilidade em curvas (menor área de contato com o solo)
- Rodízio
– Serve para compensar a diferença de desgaste dos pneus, permitindo mais durabilidade e eficiência. Proporciona também melhor estabilidade, especialmente em curvas e freadas.
– Mudança para pneus diagonais de passeio: a cada 5.000 Km
– Mudança para pneus radiais de passeio: a cada 8.000 Km
- Desgaste
– Calibre os pneus semanalmente de acordo com a indicação do manual do fabricante.
– Faça rodízio de pneus.
– Evite sobrecarga de peso.
– Faça a manutenção preventiva de componentes do veículo que atuam diretamente sobre os pneus.
– Alinhe o sistema de direção e suspensão, além do balanceamento de pneus conforme indicado pelo fabricante.
– Observe periodicamente o indicador de desgaste de rodagem que existe em todo pneu para mostrar o momento certo da troca.
– Evite o contato do pneu com derivados de petróleo ou solventes, que atacam a borracha.
– Evite freadas fortes e mudanças bruscas de direção porque elas exigem mais dos pneus.
- Estepe
– Deve atender às mesmas condições de segurança exigidas para os rodantes. O não atendimento sujeita o proprietário do veículo a multa de R$ 127,60 (falta ou defeito em equipamento obrigatório).