Categoria garante meio salário de adiantamento, mas há dúvida se alcançará seis salários na apuração final
Os trabalhadores da Vale Fertilizantes acataram a proposta patronal para o Acordo de Participação nos Lucros e Resultados – PLR 2016/2017 por 402 votos a favor, 116 contra e três brancos. As assembleias foram realizadas nas cidades de Araxá e Tapira nos dias 14, 15 e 16.
A empresa propôs o adiantamento de um salário-base referente à PLR do exercício de 2016, incluindo adicionais de turno, de insalubridade e de periculosidade, em duas parcelas, sendo a primeira prevista para ser paga em até 10 dias após a assinatura do acordo. Os trabalhadores receberão os outros 50% no dia 31 de julho de 2016, somente se o lucro líquido da empresa for igual ou maior que US$ 2,75 bilhões.
Mais uma vez, a proposta encaminhada pela Vale Fertilizantes aos sindicatos contém vários pontos obscuros e “pegadinhas”, com a intenção de confundir os trabalhadores, oferecendo ganhos irrisórios e imediatos, impondo, em troca, a perda de uma série de vantagens.
O Sindicato explicou, durante as assembleias, as artimanhas da empresa contidas no acordo, para que os trabalhadores presentes não votassem enganados. Mesmo assim, a maioria optou por garantir um pequeno adiantamento agora e abrir mão de uma negociação justa para ambas as partes.
O SIMA reitera alguns pontos do acordo aprovado em assembleia e que têm a nítida intenção de prejudicar o trabalhador.
– A segunda parcela do salário-base será paga em julho somente se a empresa atingir o gatilho de U$ 2,75 bilhões.
– A Vale não determinou o teto para que o empregado receba seis salários de PLR. Ou seja, não se sabe qual o lucro que ela terá para garantir a PLR de seis salários mais os adicionais de turno, insalubridade e periculosidade.
– Só após a assinatura do acordo, a empresa irá apresentar as suas metas ao sindicato, que já estão aprovadas, sem o conhecimento dos trabalhadores.
– Fica aprovado também o desconto do adiantamento da PLR de 2015 em 2017, que será paga em 2018.
Este Sindicato foi um dos primeiros, em nível nacional, a discutir a Participação nos Lucros e Resultados, e avançamos muito. Depois da compra do controle das empresas pela Vale, a mineradora vem mudando os critérios da PLR, com a conivência pacífica da classe. Se a categoria se mobilizasse, daria para reverter muita coisa. Falta consciência aos trabalhadores, que estão entregando a decisão das negociações à empresa, como aconteceu no acordo coletivo, nas jornadas de turnos e agora na PLR, restringindo o poder de negociação do Sindicato.