Minas no Foco

Letícia Spiller e Rosamaria Murtinho apresentam Dorotéia, no Teatro Municipal de Araxá

Espetáculo acontece no dia 22 de junho e entrada será gratuita, mediante lotação do teatro e retirada dos ingressos

Por Caio Ranieri

Uma grande produção brasileira vai fazer a estreia de sua turnê nacional em Araxá, no Alto Paranaíba, no dia 22 de junho, no Teatro Municipal de Araxá, às 20h. É a montagem Dorotéia, texto de Nelson Rodrigues, direção de Jorge Farjalla com as atrizes Letícia Spiller e Rosamaria Murtinho em cena. A montagem tem censura de 16 anos e ainda não foram divulgadas as informações relacionadas a distribuição dos ingressos. Em breve, todos os detalhes serão divulgados.

O espetáculo terá convites limitados ao espaço do Teatro Municipal. “Pela primeira vez vamos montar uma arquibancada extra para receber um número maior de convidados e produzir um efeito de teatro de arena que a peça necessita”, conta o produtor João Batista dos Santos, o Joãozinho Uirapuru. O patrocínio do espetáculo é da CBMM, através da Lei Federal de Incentivo à Cultura.

O espetáculo

Rosamaria Murtinho e Letícia Spiller estão juntas em cena, como a fera e a bela. Rosa interpreta a protagonista Dona Flávia, uma mulher feia, frustrada e infeliz que faz de tudo para destruir a beleza da prima Dorotéia, ex- prostituta, uma pecadora incorrigível, porém arrependida, vivida por Letícia.

Ambas encenam pela primeira vez um texto de Nelson Rodrigues. “Dorotéia”, escrita em 1949, fechou o ciclo das obras do teatro desagradável de Nelson Rodrigues, classificado pelo crítico Sábato Magaldi como “peças míticas”.

Dona Flávia, a matriarca da família, recebe Dorotéia, ex-prostituta, que largou a profissão após a morte do filho e vai buscar abrigo na casa de suas primas, onde, junto com Dona Flávia, vivem Maura e Carmelita, num espaço sem quartos e onde há 20 não entra homens. Três viúvas puritanas e feias que não dormem para não sonhar e, portanto, condenadas à desumanização e à negação do corpo, dos sentimentos e da sexualidade.

Arrependida, Dorotéia procura abrigo na sua família e é, em alguns momentos, questionada por Dona Flávia, a prima mais velha, que, mesmo com sua raiva, implicância e orgulho, faz de tudo para removê-la da idéia, às vezes com uma nesga de afeto, de fragilidade e disfarçados gestos de acolhimento, mas contando que ela aceite as condições de viver naquela casa.

Dorotéia, linda e amorosa, nega o destino e entrega-se aos prazeres sexuais. Este é seu crime, e por ele pagará com a vida do filho e buscando a sua remissão. Na história desta família de mulheres, o drama se inicia com o pecado da avó, que amou um homem e casou-se com outro. É neste momento que recai sobre todas as gerações de mulheres da família a “maldição do amor”. Elas estão condenadas a ter um defeito de visão que as impede de ver qualquer homem, se casam com um marido invisível e sofrem da náusea nupcial – único sinal de contato que teriam em toda vida com o sexo masculino. Dorotéia, em troca de abrigo, aceita se tornar tão feia e puritana como as primas.

Compartilhe esta notícia:

Related Posts