Crise moral da política araxaense abalou a cidade nos últimos dois anos, mas não pode apagar o orgulho de ser araxaense
Por Caio Ranieri
Qual cidade tem o privilegio de comemorar duas datas de aniversário? Essa foi a pergunta que ouvi do escritor Ernesto Rosa durante uma entrevista, na ocasião dos 150 anos de Araxá, em 2015. Ele, autor do romance histórico, Sertão da Farinha Podre, que fala do povoamento do nosso Triângulo Mineiro, descobriu em suas pesquisas que Araxá é a cidade mais antiga de todo esse extenso e estranho nariz de Minas Gerais e que um dia, tudo isso que chamamos de Triângulo Mineiro (que já foi Goiano), era a nossa Araxá.
Segundo Ernesto, Araxá completa 236 anos de idade e esses 151 anos que festejamos é apenas uma singela mudança de denominação e que isso precisa ser mudado. Ele ainda contesta alguns mitos da nossa história, mas que não vem ao caso nesse momento. Seja completando 151 ou 236 anos, nossa cidade emergiu, como o nióbio salta do nosso solo, do simples Arraial de São Domingos dos Arachás para uma cidade pólo, promissora e que caminha para a modernidade constante em Minas Gerais.
Uma cidade extremamente explorada e que paga as contas do Estado com as riquezas extraídas do seu chão e não tem a devida recompensa por isso. Cobrança inclusive, feita em boa hora feita pelo Prefeito Aracely de Paula, durante encontro, ao Governador de Minas Gerais e ao presidente da Codemig. Ah, a Codemig!
“Não deixem que Araxá vire um retrato na parede”, disse o chefe do executivo municipal, em referência a celebre frase do poeta Carlos Drummond de Andrade, sobre a cidade de Itabira, massacrada pela mineração num passado não muito distante e que acabou se tornando o retrato na parede. Cabe a nós, cidadãos, e formadores de opinião, lutarmos para não deixar isso acontecer. Temos esse dever para com nossa cidade.
Ainda assim, dentro desse contexto, Araxá tem sim o que festejar. Somos privilegiados em arrecadação municipal e o poder público tem honrado em dia seus pagamentos e mantendo a saúde financeira da cidade. Uma economia quente e em plena expansão, com novas empresas e centros comerciais, shoppings e lojas surgindo, quando em várias cidades, outras fecham as portas. Após uma grave crise política, com prefeito cassado, vereadores presos e enfrentando processos, temos assistido a cidade dar a volta por cima.
Ouvi recentemente em uma conversa alheia, dentro do Grande Hotel, dois turistas de São Paulo (identifique pelo sotaque) elogiarem Araxá e exclamarem: “Essa cidade é maravilhosa e depois que cassaram e prenderam políticos, agora as coisas estão se ajeitando”. Fiquei calado. Apenas ouvi e pensei: mesmo com tudo, nossa cidade ainda é bem vista lá fora.
Agora, amigo conterrâneo, veja sua cidade com esse mesmo olhar. Tenha orgulho em ser araxaense. A cidade merece e faz bem pra nós mesmos vivermos com orgulho na cidade que nascemos e trabalhamos. O ano está terminando e um novo mandato eleitoral vai começar em 2017. Eu torço para que seja promissor e apague a mancha da corrupção que assolou a Câmara e Prefeitura. Temos ainda muito que melhorar em saúde, educação, limpeza pública, saneamento e turismo, tão desacreditado por nós mesmos.
Mas não percamos as esperanças e as forças, porque, como diz nossa própria canção: “Não há lugar melhor pra se viver, aqui tudo se faz melhor…”. Vamos fazer o melhor, vamos torcer e trabalhar.
Araxá precisa! Araxá merece! Parabéns minha terra amada pelos 151 anos (ou 236 anos… Não importa!).
Pra você eu repito: “Eu nasci aqui, aqui eu vou morrer. Nunca vou deixar meu Araxá”!