Substância bloqueia a entrada da droga no cérebro, impedindo o seu efeito. Próximo passo do estudo é o teste em humanos
Problema de saúde pública, a dependência química, independentemente de qual seja, vem apresentando margem crescente de aumento no consumo, principalmente entre adolescentes. Álcool, maconha, cigarro, crack e cocaína estão entre as drogas mais consumidas pelos brasileiros, sendo os efeitos desta última o mais devastador.
A boa notícia é que a dependência química de cocaína pode estar com os seus dias contados. Pesquisadores do departamento de Química e Medicina da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), com o apoio da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de Minas Gerais (Fapemig), desenvolveram uma substância capaz de induzir o corpo a produzir um anticorpo contra o entorpecente.
O estudo, coordenado pelo professor de psiquiatria da UFMG, Frederico Duarte Garcia, buscou tratar o vício em cocaína com a própria molécula da droga. “Os anticorpos produzidos se ligam à molécula de cocaína na corrente sanguínea e impedem a passagem pela barreira hematoencefálica”, explica Garcia.
Em outras palavras, a substância bloqueia a entrada da droga no cérebro, impedindo, assim, o seu efeito. Sem a sensação da droga, o ciclo do vício pode ser quebrado. A ideia é que a medida seja empregada juntamente com outros meios terapêuticos, contribuindo para impedir a recaída.
De acordo com Garcia, já foi possível sintetizar e caracterizar algumas novas moléculas. Além disso, já houve o teste em animais, realizado com segurança. O pesquisador afirma que o próximo passo é o estudo de Fase I em humanos. “Se tudo der certo, acreditamos que até meados de 2018 já começaremos a pesquisa em humanos”, pontua.
Cenário segundo IBGE
Levantamento realizado por meio da Pesquisa Nacional de Saúde do Escolar, realizada, em 2015, a partir de convênio celebrado com o Ministério da Saúde e o apoio do Ministério da Educação apontou aumento no percentual de estudantes do 9º ano que já experimentaram drogas ilícitas (maconha, cocaína, crack, cola, loló, lança-perfume, ecstasy etc.), passando de 7,3% em 2012 para 9,0% em 2015.