Evento tem programação exclusiva para mulheres; segundo dia do encontro teve mais de 30 atividades
Há 25 anos Tânia Reis bateu o pé numa conversa com o marido. “Se a gente não abrir essa empresa em Belo Horizonte eu volto para minha terra e vou plantar batatas”. O mundo do agronegócio perdia ali alguém que poderia fazer no setor algo tão revolucionário quanto fez no mercado de exportação. CEO de uma empresa no segmento de comércio exterior e há vinte e quatro anos no mercado, Tânia nasceu em Itaverava (MG) e, depois de se casar, mudar para Belo Horizonte, teve a visão do crescimento que iria acontecer no comércio internacional e resolveu empreender. Deu muito certo.
“Nos treze primeiros anos a empresa foi crescendo, lógico que com um atendimento personalizado que não existia na época e eu sempre fui muito cuidadosa com as pessoas, sempre olhei muito o outro e, por isso, o cliente ele foi ficando muito encantado e começou a nos indicar para outras pessoas. Com treze anos de empresa nós tivemos que partir para um planejamento estratégico. Nós deixamos de ser uma empresa amadora para sermos uma empresa mais profissional. Esse planejamento estratégico era internacionalizar nos dois maiores players que são os Estados Unidos e a China e termos mais duas empresas. Fizemos acontecer!”, conta.
Para Tânia sempre é tempo de realização. “O que eu deixo para todas as mulheres é que a minha história de vida, eu sei, é uma história de inspiração, mas eu tenho certeza de que, se você tiver visão, conhecimento, coragem e determinação você vai conseguir”, incentiva.
Histórias inspiradoras como esta se repetem nos salões e nos corredores do Grande Hotel do Barreiro durante o Congresso da Federaminas. No segundo dia de atividades, aliás, elas mereceram destaque. Foram quase oito horas de imersão no universo feminino do empreendedorismo. Prova incontestável de que elas estão mais interessadas no tema, apesar dos grandes desafios que têm pela frente.
“Eu acho que o maior desafio é conciliar a dupla jornada de trabalho. Apesar de sermos mais de 50% da população, dos nossos negócios já somarem mais de 50% dos negócios abertos no Brasil, a gente tem de 18% a 20% a menos de dedicação no trabalho por conta da nossa jornada dupla. O nosso desafio é termos mais foco, termos mais assertividade e planejamento para que esses 20% de tempo a menos que a gente tem, a gente possa transformar ele de forma que ele não nos prejudique”, explica Tânia Mara Resende, presidente do Conselho Nacional da Mulher Empresária.
Outra necessidade parte pelo lado da empatia e da cooperação. “Nós estamos falando de mulheres competentes que não precisam concorrer entre si. Cada uma conhece seu espaço, cada uma conhece seu valor e cada uma gosta de aplaudir a outra, tem mais prazer de aplaudir a outra do que de ser aplaudida. É essa sinergia que faz com que as coisas dêem certo”, diz Ieda Fernão, presidente da Federaminas Mulher.
Premiação
A Federaminas, aliás reconheceu nesta sexta (25) o trabalho de 26 mulheres de garra e empreendedorismo nas suas cidades de atuação. Foi o prêmio “Mulheres Além das Gerais”.
No palco do Salão Minas Gerais do Grande Hotel subiram histórias que merecem ser contadas e servir de inspiração. “O fato de você incentivar outras pessoas é maravilhoso. Eu fico honrada porque com o meu cotidiano, com as minhas batalhas que eu já venci outra pessoa pode se animar e seguir em frente também” conta Dalva de Oliveira Lima, queijeira de Araxá que já teve suas iguarias reconhecidas até na França pela qualidade.
Outra homenageada da noite foi a deputada federal Alê Silva. “É um incentivo. Demonstra o reconhecimento do meio empresarial ao público feminino, as mulheres que batalham, destacam as suas lutas, sacrifícios e as suas vitórias. Isso acaba sendo um estímulo para que outras mulheres, do mesmo segmento ou não, também tenham vontade, disposição e não desistam da luta”, ressalta.
Direito Tributário
Outro destaque do segundo dia do Congresso da Federaminas foi o I Seminário de Direito Tributário Empresarial. Com sala cheia durante todo o dia, o evento paralelo foi muito elogiado pelos participantes. “Muito bom. Eu acredito que foi de grande valia tanto para os advogados quanto para os empresários. Os empresários para terem uma noção geral e os advogados para adquirirem mais conhecimento e saber escolher a melhor opção, a melhor tributação, enfim, foi incrível”, diz Suiane da Silva, advogada.
Nomes como o do Procurador-Geral de Justiça do Estado de Minas Gerais, Jarbas Soares Júnior e do Diretor da Associação Brasileira de Direito Tributário (ABRADT), Marcelo Jabour Rios integraram a lista de personalidades que participaram das cinco mesas propostas pela organização. “Aqui a gente fica um pouco mais por dentro dos assuntos, principalmente do assunto tributário que hoje em dia é tão importante a conscientização de qualquer um, seja na na área do direito ou em qualquer outra área”, diz a estudante de Direito Daiane Priscila Borges.
Palestras
O jornalista Ivan Moré abriu a manhã de trabalhos no Salão Minas Gerais com a palestra “Desobediência Produtiva”. “O mundo está vivendo um processo profundo de transformação e nós precisamos mergulhar de peito aberto porque as oportunidades estão aí e muita gente não está percebendo porque está presa a formatos e metodologias ultrapassados”.
Como orientação, Ivan aposta na colaboração como ferramenta indispensável. “Você precisa entender que necessariamente você precisa ter um concorrente, mas todos são colaboradores. Se a pessoa desempenha um papel parecido com o seu naquele nicho em que vocês atuam; você pode, de repente, se associar a essa pessoa e fazer com que o setor tenha mais visibilidade e cresça, mas isso tudo é por meio de um formato de tentativa e erro. Não existem fórmulas certas de sucesso. Você precisa se propor a arriscar para que os resultados venham”, ressaltou Ivan Moré.
No Encontro de Líderes atenção total para a palestra de Daniel Scharf que tratou sobre o coaching do associativismo. “Trouxe para eles a importância de realizar através do coletivo. Se você está ali fazendo alguma coisa isoladamente esquece o poder que tem o coletivo. O associativismo mineiro precisa aproveitar esse potencial cada vez mais para aprender junto e para compor esforços, criar recursos em conjunto, ver e aplicar ações que estão funcionando”, explica.
“Coragem é a palavra de ordem e a ação é primordial. Às vezes a gente quer planejar tanto que começa a desanimar. Se você tem clareza do que você quer fazer, comece a experimentar e a empoderar as pessoas para te ajudarem, aí você vai se fortalecendo e fortalecendo o teu time”, complementa. A última palestra da noite foi do bailarino Carlinhos de Jesus, que tratou o tema “Acreditar e ousar”.