Alteração no sistema imunológico devido ao envelhecimento do organismo é um dos fatores para que óbitos entre idosos seja maior
O número de óbitos decorrentes da Covid-19 ou de complicações advindas da doença comprova as primeiras evidências reveladas quando do início da pandemia: a fragilidade dos idosos diante da contaminação pelo novo coronavírus. Embora as chances de contágio para as diferentes faixas etárias sejam as mesmas, quanto mais avançada a idade maior é o risco de agravamento da infecção e, por consequência, aumenta a probabilidade de morte.
A razão para que a doença seja mais letal entre idosos está relacionada às alterações do sistema imunológico à medida que o corpo envelhece. Estudos científicos comprovam que, acima dos 60 anos, o organismo naturalmente tende a responder de maneira mais lenta às infecções. Isso ocorre devido à queda na produção de interferon, proteína que estimula a atividade de defesa celular. Dessa forma, o sistema imunológico tem maior dificuldade de eliminar células infectadas e também de emitir “sinais de alerta” para que o organismo acione seus mecanismos de defesa.
Tudo isso, associado ao fato de que muitos idosos são portadores de doenças crônicas, torna ainda maior o risco de complicações devido à Covid-19. Diante desse cenário, a melhor forma de prevenção é, sem dúvida, o isolamento social. Embora, tanto no país como localmente, haja tendência à maior flexibilização das medidas de combate ao novo coronavírus, é imprescindível que pessoas idosas continuem alertas quanto aos cuidados para manter-se seguras.
Segundo a Sociedade Brasileira de Geriatria e Gerontologia (SBGG), quem está na faixa acima dos 60 anos deve, por exemplo, evitar aglomerações, viagens e contato mais próximo com crianças. A atenção deve ser redobrada no caso de portadores de comorbidades, como diabetes, hipertensão arterial, doenças cardíacas, pulmonares, renais e neurológicas.
Idosos e os números da Covid-19
Mais de seis meses após a primeira notificação de um caso confirmado de Covid-19 no Brasil, o total de óbitos no país ultrapassa 120 mil. Seguindo a tendência mundial, a quantidade de mortes de pessoas idosas supera bastante o número de mortos com idade inferior a 60 anos. De acordo com o Boletim do Ministério da Saúde, até 5 de setembro, 73% dos óbitos em razão da doença são de pessoas com mais de 60 anos, o que significa 89.684 mortes.
Dados de Patos de Minas revelam que, a quinta-feira (10), foram registrados, em decorrência da doença ou de complicações advindas dela, 52 óbitos de pessoas residentes no município. Informações do painel de monitoramento disponível no Portal Saúde (saude.patosdeminas.mg.gov.br) mostram ainda que os idosos representam 77% das mortes, ou seja, dentre as vítimas da doença, 40 tinham mais de 60 anos.
A faixa etária dos 70 aos 79 anos figura em primeiro lugar no percentual de óbitos no município, com 45% das ocorrências, sendo 12 homens e seis mulheres. Das oito mortes ocorridas em setembro, seis são de pessoas com idade acima de 60 anos.
No estado, o cenário é parecido. De acordo com a última atualização do perfil demográfico divulgado pelo Secretaria de Saúde de Minas Gerais (SES-MG), o percentual de óbitos de idosos chega a 79%, com maior incidência também na faixa entre os 70 e 79 anos (26%). Desse total, 14,8% são homens, e 11,2%, mulheres.