Endocrinologista pediátrico da Unimed Araxá explica que menos uso de telas e estímulo às atividades físicas são essenciais
A realidade é alarmante. Segundo estudos, uma a cada três crianças e adolescentes brasileiros está acima do peso. Um índice que quadruplicou desde 1.989. De acordo com o endocrinologista pediátrico da Unimed Araxá, Fernando Honorato, a principal causa do sobrepeso e da obesidade na infância é o balanço energético positivo: mais calorias consumidas (comida) do que gastas (metabolismo e atividade física). “O maior vilão da obesidade infantil atualmente é o chamado estilo de vida moderno, com abundância de alimentos industrializados, ricos em açúcar e gorduras, muito calóricos e pobres em fibras; e pouca atividade física, muitas horas de uso de telas como smartphones, tablets, computadores, videogames e televisão”, diz.
A obesidade é o acúmulo exagerado de gordura no corpo, que determina prejuízos à saúde. A infantil é definida através do cálculo do IMC, na comparação com as tabelas e gráficos para o sexo e a idade da criança ou adolescente. “Além do estilo de vida, outros fatores também podem contribuir. Temos, por exemplo, a predisposição genética, alterações hormonais, doenças sistêmicas, uso de algumas medicações, alto ganho de peso materno durante a gestação, ausência de aleitamento materno, baixo ou alto peso ao nascimento”, exemplifica.
Consequências
A obesidade infantil pode desencadear doenças endocrinológicas, cardiovasculares, gastrointestinais, pulmonares, neurológicas, dermatológicas e psicológicas. “A esteatose hepática, a “gordura no fígado”, e diabetes tipo 2, antes eram consideradas doenças do adulto, mas agora estão cada vez mais presentes nas crianças e adolescentes, devido à obesidade. Com isto, vemos cada vez mais crianças e adolescentes obesos convivendo com quadros de diabetes, hipertensão, dislipidemia (aumento do colesterol e triglicérides), puberdade precoce e sofrendo com bullying e depressão. Na idade adulta, eles terão maior risco de doenças cardiovasculares e até de alguns tipos de câncer. Sabe-se que a obesidade ocupa a segunda posição entre as prováveis causas de câncer, só perdendo para o cigarro”, ressalta Dr. Fernando.
Tratamento
O combate a esta epidemia de excesso de peso deve começar já na infância, com os pais buscando a prevenção desta doença, com uma alimentação mais saudável em casa, menos uso de telas e estímulo às atividades físicas. “O tratamento é complexo e longo, baseado nas mudanças de hábitos de vida: dieta mais saudável e equilibrada, somada à atividade física regular. A mudança de hábitos alimentares de toda a família é fundamental, pois, sozinha, a criança não conseguirá aderir”, diz.
O acompanhamento multiprofissional com pediatra, endocrinologista, nutricionista, psicólogo e educador físico auxilia muito no processo terapêutico. “O médico endocrinologista pediátrico deve avaliar o paciente, analisar exames complementares necessários para a busca de causas e consequências da obesidade e, nos casos indicados, prescrever medicações para auxiliar no tratamento da obesidade e suas complicações”, explica.