Dezenas de amigos, admiradores e familiares passaram pelo velório do profissional referencia na comunicação araxaense
Na cidade de onde primeiro de avista o sol, o Astro Rei também brilhou forte no céu para reverenciar e homenagear o homem, que percorreu com as letras, todas as linhas e páginas da sua vida. Na terra, os amigos, admiradores, empresários, políticos e colegas de profissão se despediram do professor Atanagildo Cortes, um Mostro Sagrado da comunicação.
Sob aplausos de saudade e emoção, o enterro do fundador do Jornal Correio de Araxá, que completa 54 anos de circulação em maio desse ano, aconteceu às 10h dessa segunda feira (17), no Cemitério das Paineiras, na área central da cidade. No caixão, a bandeira da Academia Araxaense de Letras, onde Atanagildo era membro.
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Atanagildo morreu aos 82 anos, em decorrência de um câncer, que ele tratava há alguns anos. Há cerca de quatro, a doença se agravou e acabou afastando o Mestre, um pouco, das funções jornalisticas. Ele morreu na manhã do domingo, 16 de fevereiro, o dia do ano dedicado a homenagear os repórteres.
Função essa que ele desenvolveu com maestria, entrevistando políticos, o Rei Pelé, contanto e registrando a história de Araxá. Em sua sala, na sede do Correio de Araxá, ele ensinava os truques e as malícias de um bom repórter na rua.
“A gente tem ele como exemplo. Foi uma pessoa humildade, que tentou fazer tudo por Araxá. Foi um homem honesto demais. E isso a gente aprendeu com ele desde que éramos bem pequenos. Sou a mais velha dos irmãos e tenho o maior orgulho de ter convivido com ele esse tempo todo com ele”, disse Adélia Cortes, filha de Atanagildo.
Caio Cortes, também filho do mestre, afirmou que fica muita saudade do pai, um homem que viveu sempre com simplicidade. “Meu pai levou um, vida simples sem apegos materiais, financeiros. Ele soube sempre preservar e valorizar muito a família. Trabalhou muito e cuidou de transmitir esses valores para a gente. Uma pessoa, sem dúvida, além de um ótimo pai e um ótimo marido, ele viveu para defender os direitos dessa cidade. Então, isso, nos alenta muito e ele vai deixar muita saudade mesmo”.
Homenagens
Jeová Moreira da Costa – Prefeito de Araxá
Seu Atanagildo é um patrimônio moral, um ícone da nossa cidade, da nossa cultura. Prestou relevantes serviços, em toda a sua existência, levando as informações, a verdade, e claro, a cidade hoje sente essa perda. Por outro lado, a gente fica muito feliz, que nós temos um exemplo a seguir. Um exemplo no sentido de que a humanidade não caminha sem um referencial e tenho certeza que o Pai Eterno vai fazer com que o exemplo dele fique eternamente gravado em toda a comunidade de Araxá.
Aracely de Paula – Deputado Federal
A cidade perde, a região perde, todos nós perdemos. Perdemos um amigo, perdemos um conselheiro, perdemos alguém que nos ensinou a gostar e a amar Araxá com profundidade. Atanagildo, realmente, ele usou seu jornal, usou sua pena, para externar aquilo que vinha da alma a respeito da nossa cidade. Enfrentou grandes lutas, grandes desafios. Criou uma família extraordinária, que se insere completamente, não apenas na sociedade de Araxá, mas na história da sociedade. Então, realmente, nós perdemos muito. Mas, as pessoas nunca levam tudo o que se consegue produzir, porque elas deixam o exemplo de vida, atuação, aquele exemplo de entrega. Eu gostaria de levar meus cumprimentos, novamente, de público, a todos os familiares do Atanagildo e dizer que o sentimento da perda é muito grande, mas podem ter certeza que é um dos grandes benfeitores de Araxá.
Olavinho Drummond – diretor da Rede Sintonia de Comunicação
Araxá pede hoje nosso maior professor, nossa maior referência. Um ícone dentro do jornalismo e dentro da imprensa araxaense e regional. Estamos de luto, estamos chorosos, toda a classe está aqui, entre tantos amigos e tantos outros segmentos da sociedade. Araxá hoje dorme mito mais triste que na semana passada.
Hely Aires – sindicalista
Tive a oportunidade de escrever minhas primeiras linhas dentro da imprensa de Araxá, no Correio de Araxá. Na Eleição Presidencial de 89, sai daqui com a missão de entrevistar Ulisses Guimarães em Uberlândia. E o fiz, com as bênçãos do Mestre Atanagildo. Ulisses Guimarães autografou uma capa do Jornal Correio de Araxá e mandou, dizendo que “não era velho, nem velhaco”, e uma assinatura com um abraço do correio de Araxá, que foi estampada na edição seguinte. Tive o prazer de assinar uma coluna com o pseudônimo Herbert H Herbert. Sempre gostei do meio e aprendi com o Mestre Atanagildo. Uma parte da história de Araxá foi sepultada aqui, mas não podemos deixar que essa história de apague. O Mestre Atanagildo está indo pra outro plano, mas sua história, seu legado ficam. Araxá é uma cidade privilegiada, por ter recebido o Atanagildo e ter recebido ele como uma pessoa que alavancou e foi o propulsor da imprensa de Araxá. Se ele tivesse ido para um grande centro, certamente ele hoje estaria sendo homenageado pelos grandes jornais do país. Fico feliz de ter convivido e de ter participado com o Mestre Atanagildo desse momento de Araxá. Tive a honra de receber a Medalha Dom José Gaspar, da Câmara, quando ele recebeu a Medalha Geraldo Porfírio, da AIA, que foi uma idealização nossa. Fico feliz de ter convivido com essa pessoa, que é um Mostro Sagrado de Araxá.
Caio Ranieri – diretor do Jornal Minas no Foco
Foi no Correio de Araxá que tiver a primeira oportunidade de trabalhar com o jornalismo. Estava no primeiro mês de faculdade, quando entrei pelas portas do Correio de Araxá e fui cumprimentado pela família Cortes. Com o seu Atanagildo, aprendi a fazer notícia, a forma de escrever, aprendi a revisar meu texto e a responsabilidade que eu carregava na ponta da caneta, ou da pena, como ele mesmo gostava de falar. Vai embora o homem, vai embora o corpo, mas fica pra nós o exemplo de profissional íntegro, com credibilidade e responsável. A família, eu deixo o meu abraço.
Wellington Marques – Presidente da Associação da Imprensa Araxaense (AIA)
Em nome de todos os profissionais de imprensa da cidade, gostaria de externar os nossos sentimentos aos familiares. Tive o prazer de conhecer e trabalhar durante dois anos com o jornalista Atanagildo Cortes, homem simples, pai de família dedicado e, sobretudo, um idealista. A imprensa de Araxá rende as mais sinceras homenagens a este profissional que, com certeza, inspirou e serviu de exemplo para todos nós. Descanse em paz, meu amigo.
Vilma Cunha – poeta e cronista do Correio de Araxá
Um homem que sempre foi o incentivador, o professor e o mecenas de todos nós. Um homem que abraçou a causa dele com a cara, a coragem e a fé. E tinha no Correio de Araxá, a sua vida, destemida. Um profissional completamente honesto, que nunca tomou partido de nada e que nos deu a vida inteira a liberdade de expressão. Araxá fica órfã de um grande homem.