Pesquisa aponta a realidade da alimentação que o brasileiro consome e coloca em casa
Já pensou no que você está colocando em sua mesa hoje? Em nosso dia a dia mal temos tempo para o preparo de nossas refeições. Segundo pesquisa realizada pelo Ibope Conecta, em parceria com a Centrum Vitamints, dois em cada três brasileiros afirmam ter dias agitados e, nesses dias, 77% optam por refeições rápidas, enquanto apenas 23% afirmam se preocupar em comer alimentos saudáveis. A saída acaba sendo o consumo em massa de produtos ultraprocessados e de origem desconhecida.
No entanto, não é somente uma questão de escolha do tipo de alimentação. Mesmo uma alimentação considerada “saudável” precisa ser analisada para saber se esses produtos estão sendo cultivados de forma responsável. Uma preocupação que a professora aposentada Gorete Pinheiro leva para dentro de casa. “A juventude acha que comer frutas e verduras é o bastante, que isso já é uma alimentação saudável. Mas será que é saudável mesmo? Como no meu tempo de menina, em que eu comia da horta da minha mãe?”, questiona a aposentada.
A preocupação não é só da dona Gorete. Desde 2008, o Brasil ocupa a incômoda liderança no ranking mundial de uso de agrotóxicos e, com isso, os movimentos em prol de uma alimentação consciente, que beneficie a saúde do consumidor, se tornaram crescentes. De acordo com a Anvisa, nos últimos 10 anos, o Brasil aumentou em 190% o consumo de agrotóxicos, são 130 mil toneladas de defensivos agrícolas utilizados no país todos os anos.
O problema
A grande demanda de nossas superpopulações sobrecarrega os produtores, gerando o desafio da produtividade em larga escala. Muitas vezes, há a necessidade de intervenções drásticas no manejo para que se consiga efetivar uma produção com números elevados. Para complicar, o país possui dimensões continentais e nosso clima contribui para a proliferação de doenças e pragas.
A solução encontrada pelos produtores quase sempre passa pelo uso dos agrotóxicos, algumas vezes aplicados em todos os processos de desenvolvimento e crescimento das plantas. Segundo uma pesquisa divulgada pela Anvisa, alimentos como laranja, couve, abacaxi e uva estão entre os produtos com maior índice de resíduos agrotóxicos nocivos à saúde humana.
Conscientização e sustentabilidade
A professora aposentada acredita que ainda haja um descaso com a alimentação e que deve ser revisto com seriedade por toda a sociedade. “Devemos assumir a responsabilidade por uma alimentação consciente, acompanhando e supervisionando a qualidade daquilo que está sendo produzido no campo e disponibilizado pelo comércio”, alerta Gorete.
Neste contexto, é que entra a conscientização da sociedade, considerando que nosso futuro está ligado diretamente àquilo que consumimos. Da professora que cultiva, em casa, em Patos de Minas, hortaliças em vasos espalhados pelo quintal e jardim. Couve, orégano, pimentão, alface e salsinha são produzidos de forma natural, sem adição de nenhum fertilizante químico ou defensivo.
De acordo com a professora é possível perceber quando se cultiva um produto em casa. “Na horta de casa, o pimentão não fica do mesmo tamanho daqueles do supermercado e sabe por quê? Porque o da gente é natural, não tem veneno. Então, ele cresce só o necessário, que é o natural”, afirma Gorete.
A preocupação maior é com o uso dos defensivos químicos, que são usados de forma desordenada. Seguindo esse raciocínio, podemos concluir que o ideal é encontrar um caminho que possibilite uma alta produção com o mínimo de interferência na composição orgânica dos alimentos produzidos. Descobrir novas práticas de manejo sustentável que possam trazer a qualidade que a professora consegue nos seus produtos.
Novas práticas para sustentabilidade
Uma solução viável para resolver esse impasse é o uso de controladores biológicos de pragas, que reduzem o uso de defensivos químicos. Esse mecanismo de controle sobre doenças de pragas não era muito bem visto pelo segmento agrícola, cujos produtos utilizados não tinham a eficiência necessária. Entretanto, os biológicos passaram por um processo de aperfeiçoamento e hoje é possível conhecer uma classe muito superior. Esses microrganismos são denominados Biopotentes e associam força, saúde e vigor ao campo, porque são agentes que vão devolver a constituição natural do solo, além de diminuir as aplicações químicas que continuam sendo necessárias, porém em escala bem menor.
Gorete acredita no uso dos biopotentes. Segundo ela os produtores precisam conhecer melhor como essa ferramenta pode ajudar a vencer a desafiadora batalha que é produzir muito e de forma sustentável. Ela ressalta que também os revendedores, como supermercados e sacolões, devem ter a responsabilidade de adquirir produtos que venham do campo com esse certificado de origem sustentável.
O Laboratório Farroupilha Lallemand é um dos grandes desenvolvedores do controle biológico no país. Com uma forte estrutura de pesquisa e desenvolvimento, conseguiram a consignação de microrganismos potentes e altamente eficazes para combater essas pragas e doenças no campo. Fernando Urban, CEO do laboratório, fala da necessidade de apresentar para as pessoas esse modelo de tratamento. “Nossa empresa tem discutido muito com os produtores sobre os benefícios dos programas de tratamento que os biopotentes levam para o campo, e agora é importante que a sociedade tenha essa consciência também”, conta Urban.
Ainda segundo o CEO, a intenção do laboratório é gerar alternativas para um modelo de agricultura que beneficie o campo e as próximas gerações, otimizando os esforços no campo, que são cada dia mais desafiadores.