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Campos Altos lança ‘marca território’ para cafés da região e reúne vários produtores

A estratégia e a identidade visual foram apresentadas e vão, gradativamente, estampar o produto que já tem espaço no mercado nacional e internacional

Inspirada no formato do relevo montanhoso que cerca a cidade de mesmo nome, localizada no Alto Paranaíba, a marca da Região de Campos Altos foi lançada em uma cerimônia para cafeicultores, lideranças regionais e autoridades. A nova marca tem o objetivo de comunicar ao mercado consumidor uma cafeicultura naturalmente especial.

O terroir único da região – como clima, solo, relevo, temperatura, umidade e práticas de produção – colabora para um produto de extrema qualidade, sem a necessidade de grandes investimentos em técnicas de manejo e com irrigação sustentável.

Com produção anual de 350 mil sacas de 60kg em 11 mil hectares de área plantada, Campos Altos terá, com a ‘marca território’, condições para um maior desenvolvimento da cafeicultura regional, diferenciação neste setor produtivo, maior capacidade de atrair investimentos e acessar novos mercados. Além disso, Campos Altos se torna mais uma entre as nove regiões estratégicas com identidade e origem no estado. As outras são: Cerrado Mineiro; Matas de Minas; Sudoeste; Mantiqueira de Minas; Canastra; Chapada de Minas; Região Vulcânica e Campo das Vertentes.

O trabalho de construção da ‘marca território’ é resultado de uma iniciativa conjunta da Associação dos Cafeicultores de Campos Altos (Acca) e Sebrae Minas, com o apoio da Cooperativa Agropecuária de Campos Altos (Capeca) e do Sicoob Crediagro. Membros de todas essas entidades participaram do lançamento, que também contou com a presença do prefeito de Campos Altos, Paulo Almeida; do diretor de Operações do Sebrae Minas, Marden Márcio Magalhães; do superintendente da Federação dos Cafeicultores do Cerrado, Juliano Tarabal; e do diretor de Culturas da Secretaria de Estado de Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Seapa), Julian Carvalho, representando o secretário de Agricultura de Minas Gerais, Thales Fernandes. O presidente do Conselho Deliberativo do Sebrae Minas, Marcelo de Souza e Silva, enviou um vídeo desejando boa sorte aos cafeicultores na gestão da marca território.

O impacto socioeconômico gerado pela nova identidade foi destacado por Marden Magalhães. “A economia do município é sustentada, especialmente, pela cafeicultura, formada em sua maior parte por pequenos e médios produtores. As ações do Sebrae Minas são para ampliar a atuação desses cafeicultores no mercado nacional e internacional”, ressaltou. O diretor contou que estar em Campos Altos para o lançamento da marca também era especial pelo fato de o pai e o avô dele terem morado na cidade na década de 1970, para formar cafezais. “Usando somente machado e foice, eles participaram do início dessa história. Estou feliz em retribuir, por meio do trabalho do Sebrae, o que essa terra proporcionou para a minha família com uma cultura tão importante para o Brasil. Essa marca agrega valor, vai gerar riqueza e proporcionar qualidade de vida aos envolvidos direta e indiretamente na cafeicultura da região”, disse.

O presidente da Acca, José Maria de Oliveira, conhecido como Marimbondo, frisou que o lançamento da marca é o início de uma estratégia com ações de curto, médio e longo prazos. “É a coroação de um trabalho de décadas, que depende da colaboração dos quase 100 produtores já associados e da adesão de novos membros, que precisam ter esse senso de pertencimento gerado pela marca. E chegamos até aqui em função de uma grande equipe que nos apoiou neste projeto desde o princípio, em especial, à confiança dos produtores e do Sebrae, que abraçaram o projeto”, lembra.

O presidente, que é cafeicultor e exporta para vários países, lembrou, ainda, um tradicional slogan da cidade: “Terra da fé e do melhor café!”. Além de ser destaque no mercado de cafés especiais, o município de Campos Altos também é destino para o turismo religioso por ter reconhecido o Segundo Santuário dedicado à Nossa Senhora Aparecida, padroeira do Brasil. Do mirante com a imagem da Santa, no alto de uma colina, a mais de 1,2 mil metros de altitude, é possível avistar as inúmeras lavouras de café nas montanhas que rodeiam a cidade de quase 13 mil habitantes.

Próximos passos

Além do lançamento da marca, outro processo que está em andamento para agregar valor ao café produzido na região é o registro de Indicação Geográfica (IG) na modalidade Denominação de Origem (DO). O estudo, desenvolvido pela Empresa de Assistência Técnica e Extensão Rural (EMATER), em parceria com o Sebrae Minas e a Acca, sobre as características únicas do café produzido na região, dará embasamento ao pedido ao Instituto Nacional da Propriedade Industrial (INPI).

Os cafeicultores também vão participar de ações, promovidas pelo Sebrae Minas, para fortalecer a governança e promover o território. A primeira delas irá ocorrer durante a Semana Internacional do Café (SIC), que será realizada de 8 a 10 de novembro, em Belo Horizonte. O café da Região de Campos Altos estará em um cupping – momento para degustar e classificar a bebida. Além disso, os cafeicultores vão participar de um painel em conjunto com a região da marca território Sudoeste de Minas, e terão a oportunidade de apresentar a marca para o mercado nacional e internacional, em uma das maiores feiras do setor no mundo.

Formação de mestres cafeeiros

Durante o coquetel de lançamento da marca da Região de Campos Altos, quatro jovens prepararam os cafés especiais para degustação. Junto com outros seis adolescentes, eles participaram de um curso profissionalizante de barista – profissional especialista em café, que tem conhecimento do cultivo ao preparo da bebida. A capacitação, gratuita, foi promovida pelo Sebrae Minas, e levou para o município dois baristas e mestres de torra que atuam em uma cafeteria de Uberlândia.

“Os participantes tinham idade entre 15 e 18 anos e, durante dois dias, eles tiveram 18 horas de aprendizado sobre métodos de preparo, processamento de café, tipos de fruto, funcionamento de máquinas utilizadas nas cafeterias e processo de prova de café”, explicou uma das facilitadoras do curso Indiana Marques. De acordo com a Associação Brasileira da Indústria de Café (Abic), nove em cada dez brasileiros com idade acima de 15 anos apreciam o café. E esse interesse pela bebida pode, também, se tornar uma oportunidade de emprego.

Para Kaique Ronaldo Cândido, de 16 anos, a oportunidade agregou qualidade ao trabalho de classificação e torrefação que desempenha na Cooperativa Agropecuária de Campos Altos (Capeca). “O trabalho de barista me atrai porque é ele quem apresenta a bebida ao cliente, e precisa garantir o sabor especial do café. Além de gostar do produto, eu me interessei pelo curso porque tenho planos de abrir uma cafeteria júnior com outros colegas que também participaram”, revelou.

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