Emater-MG destaca que condições climáticas devem reduzir a produtividade nas lavouras
Em 2021, o milho vem chamando a atenção do mercado e também dos produtores. Em abril, as exportações brasileiras do grão registraram alta de 1.854%, com o envio de 130 mil toneladas ao exterior, segundo dados preliminares divulgados pelo Ministério da Economia, no dia 3/5.
Com ritmo forte de vendas, as cotações também seguem em alta, mas há uma preocupação quanto a produtividade da segunda safra, a safrinha, que pode cair devido às condições climáticas desfavoráveis e o atraso do plantio.
Recentemente, os preços da saca do milho atingiram o valor máximo em oito anos na Bolsa de Chicago e, no Brasil, têm chegado à casa dos R$100,00. Para o coordenador estadual de Culturas da Empresa de Assistência Técnica e Extensão Rural do Estado de Minas Gerais (Emater-MG), Sérgio Brás Regina, o que vem provocando a alta do milho no Brasil são as preocupações com a oferta do produto. “A demanda é grande e o cenário de oferta é incerto, devido aos problemas climáticos e também ao crescimento das exportações do produto, estimuladas pela desvalorização do real frente ao dólar”, explica.
A combinação de oferta restrita e demanda aquecida vem elevando as cotações do milho desde meados de fevereiro. O atraso na semeadura e a irregularidade das chuvas em muitas regiões produtoras aumentaram as incertezas quanto à produtividade das lavouras da segunda safra. Esse cenário vem reforçando o aumento nos preços, que operam em patamares recordes.
“As condições climáticas não estão adequadas para a cultura do milho. Algumas consultorias estimam que a safra brasileira será em torno de 100,4 milhões de toneladas, uma queda significativa já que as projeções anteriores eram de mais 112 milhões de toneladas. A seca derrubou a produtividade das lavouras de milho em vários estados produtores da segunda safra”, comenta Sérgio Regina.
Noroeste
Essa situação é verificada no Noroeste de Minas, uma das maiores regiões produtoras de milho do estado. O coordenador regional da Emater-MG em Unaí, Álvaro Goulart, diz que as chuvas têm sido irregulares, mas não houve perdas significativas nas lavouras.
No entanto, deve ocorrer uma redução de produtividade. “A gente esperava uma produtividade média de 90 sacas por hectare, agora a expectativa é de 60 sacas por hectare. Sem a chuva para granar o milho, a redução da produtividade deve ser entre 20 a 30% na segunda safra do grão”, observa. Ele lembra ainda que a produção de milho na safrinha vem crescendo ano a ano na região, chegando a superar a safra normal como ocorreu em 2019, quando a área da primeira safra foi de 78 mil hectares plantados e a segunda de 79 mil hectares.
Mas em 2021, apesar dos bons preços do grão, muitos produtores locais ficaram receosos em investir na safrinha, devido ao calendário de plantio e colheita da soja postergado pela demora das chuvas no início da safra, em 2020. “O atraso das chuvas comprometeu a janela ideal para o plantio da segunda safra. Assim, a safra normal de milho cresceu bastante, chegando a 110 mil hectares plantados na região, mas na safrinha ficou em 75 mil hectares cultivados, apesar dos ótimos preços”, argumenta Álvaro Goulart.
Subida dos custos
Além das incertezas quanto às condições climáticas devido ao atraso da época do plantio, a alta dos custos de produção também desestimulou muitos produtores a investir na segunda safra. “Os custos de produção têm subido assustadoramente. A maioria dos insumos é em dólar, moeda que se mantém em um patamar alto. E também sempre há alguma especulação de fabricantes e vendedores, que veem um momento para ganhar dinheiro, já que os preços do milho estão beirando os R$100 a saca”, diz o coordenador estadual de Culturas da Emater-MG, Sérgio Regina.
Além da forte elevação dos insumos agrícolas, outra preocupação é com o efeito inflacionário da subida dos grãos no setor agropecuário. “Quando o milho e a soja sobem, eles carregam consigo uma série de outros produtos, principalmente da cadeia de proteína animal. Uma boa parte das rações animais é composta por essas duas commodities. Então, será inevitável um impacto na produção de carnes, suínos, aves e ovos, leite”, afirma.