Cardiologista da Unimed Araxá explica como deve ser feito o controle e as novidades que já começam a revolucionar a área
Na semana em que se comemora o Dia Mundial de Combate ao Colesterol, o médico cardiologista da Unimed Araxá, Dr. Ramires Mendes Lafetá, faz um alerta a quem não monitora os níveis de lipídeos no sangue. Em entrevista, ele explica o que é o colesterol, a relação dele com as doenças cardiovasculares e como a prevenção é uma aliada.
Confira:
O que é a dislipidemia?
A Dislipidemia é definida como níveis de lipídeos no sangue muito altos ou baixos. Os lipídeos no sangue são “substâncias gordurosas” conhecidas como triglicerídeos e colesterol (LDL, conhecido como colesterol ruim, e o HDL, que é o bom colesterol). O nosso corpo precisa de colesterol para construir células saudáveis. Todavia, a elevação dos níveis de colesterol aumenta o risco de se desenvolver depósitos de gordura nos vasos sanguíneos, o que é fator predisponente para doenças cardíacas e vasculares. Esses depósitos formados pelo colesterol ruim LDL podem crescer e dificultar o fluxo sanguíneo e a boa oxigenação dos órgãos.
O corpo apresenta sintomas quando o colesterol está alto?
O colesterol alto não apresenta sintomas. Um exame de sangue é a única maneira de detectar se você o tem.
Quando consultar um médico?
A triagem de colesterol de uma pessoa deve ocorrer entre as idades de 9 e 11 anos e depois ser repetida a cada cinco anos. Recomenda-se que os exames de colesterol ocorram mais regularmente nos pacientes acima de 35 anos que é a faixa etária onde começam a surgir com maior frequência os eventos cardiovasculares ou que sejam repetidos de acordo com os fatores de risco dos pacientes, de forma individualizada, ou seja, se os resultados dos exames não estiverem dentro dos intervalos desejáveis, o médico pode recomendar exames mais frequentes. O médico também pode sugerir testes mais frequentes se o paciente tiver um histórico familiar de colesterol alto, doenças cardíacas ou outros fatores de risco, como diabetes ou pressão alta.
Quais fatores que aumentam o risco cardiovascular?
Os fatores que podem aumentar as chances de se desenvolver algum problema cardiovascular são:
Dieta. Comer muita gordura saturada ou gorduras trans pode resultar em níveis de colesterol não saudáveis. As gorduras saturadas são encontradas em cortes gordurosos de carne e produtos lácteos cheios de gordura. As gorduras trans são frequentemente encontradas em lanches ou sobremesas embaladas.
Obesidade. Ter um índice de massa corporal (IMC) de 30 ou mais coloca você em risco de colesterol alto.
Sedentarismo. O exercício físico regular ajuda a aumentar o HDL do seu corpo, o colesterol “bom”.
Fumar. Fumar cigarros (dentre eles o de tabaco, o eletrônico e a maconha) predispõem ao aumento do risco cardiovascular.
Álcool. Bebidas alcoólicas podem aumentar o nível total de colesterol.
Idade. Mesmo crianças pequenas podem ter colesterol não saudável, mas é muito mais comum em pessoas com mais de 40 anos. À medida que envelhecemos, o fígado se torna menos capaz de remover o colesterol LDL.
Fatores genéticos. Pacientes cujos parentes próximos já tiveram derrame (AVC), infarto agudo do miocárdio e angina, têm maiores probabilidades de desenvolver as mesmas doenças.
Hipertensão, Diabetes, Doença Renal Crônica, Apnéia Obstrutiva do Sono. Doenças que aumentam risco de Infarto ou Derrame.
O que é a Doença Aterosclerótica?
Os depósitos de gordura nas paredes de suas artérias são conhecidos como Doença Aterosclerótica. Esses depósitos (placas) podem causar complicações tais como:
Dor no peito. Se as artérias que fornecem sangue ao coração (artérias coronárias) tiverem placas grandes, o fluxo de sangue pode ficar diminuído e gerar a dor no peito aos esforços (angina).
Ataque cardíaco ou Infarto Agudo do Miocárdio. Se a placa se romper repentinamente um coágulo sanguíneo pode se formar no local da ruptura bloqueando o fluxo de sangue ou se libertando e obstruindo uma artéria à frente. Se o fluxo sanguíneo para parte do coração parar teremos também a redução do fluxo de oxigênio gerando um ataque cardíaco.
Acidente vascular cerebral. Semelhante a um ataque cardíaco, um acidente vascular cerebral ocorre quando um coágulo sanguíneo bloqueia o fluxo sanguíneo para parte do cérebro.
Como é a prevenção?
As mudanças no estilo de vida e a busca de uma vida saudável podem diminuir o colesterol e evitar que ele se eleve. Medidas para ajudar a prevenir o colesterol alto:
Enfatize mais frutas, vegetais e grãos integrais que são alimentos ricos em fibras.
Limite a quantidade de gorduras animais (leite e seus derivados, carne vermelha) e use gorduras boas com moderação. Não usar gordura de porco.
Faça dieta e perca quilos extras. Mantenha um peso saudável.
Pare de fumar.
Exercite-se na maioria dos dias da semana por pelo menos 30 minutos.
Controle o estresse.
Há novidades nesta área?
Com a evolução da ciência nos seus mais variados aspectos surge, na cardiologia e na prevenção de doenças cardiovasculares, especificamente, o estudo de risco poligênico, que é uma pontuação que analisa milhares de variações genéticas que podem indicar quem provavelmente terá um ataque cardíaco. Ou seja, surge um método que trará maior refinamento na condução médica no tratamento das dislipidemias e na prevenção de doenças ateroscleróticas. O teste, que já vem sendo difundido nos Estados Unidos e que custa cerca de US$ 150 (dólares), pode identificar pessoas com probabilidade de sofrer ataques cardíacos décadas antes de estarem em alto risco. Futuramente, com a propagação maior de tal teste e sua maior acessibilidade, poderemos tratar os pacientes através de protocolos cada vez mais individualizados e precisos, gerando mais sobrevida e qualidade de vida aos pacientes.