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Dispareunia: dor durante o sexo não é normal e tem tratamento

Em artigo, ginecologista da Unimed Araxá explica as causas desta disfunção que atinge até 20% das mulheres 

A sexualidade é um processo complexo coordenado pela saúde física, neurológica e vascular, bem como pela sociedade, religião e experiência pessoal, incorporando o relacionamento com o parceiro. A disfunção sexual tem alta prevalência entre as mulheres na menopausa e a atividade sexual diminui com a idade. No entanto, não se sabe ao certo se as disfunções nessa fase se devem à diminuição dos níveis hormonais ou ao avançar da idade.

A dispareunia é a dor recorrente ou persistente durante a relação sexual. Ela afeta de 10% a 20% das mulheres e leva à disfunção sexual, sofrimento no relacionamento, diminuição na qualidade de vida, ansiedade e depressão.

Causas

A dispareunia tem várias causas:

– hipoestrogenismo, que ocorre na perimenopausa e pós-menopausa e pós-parto, levando a atrofia vaginal;

– vulvodinia é uma dor crônica, na região da vulva que pode interferir no ato sexual.;

– ⁠vaginite, infecção vaginal de várias etiologias;

– ⁠disfunção do assoalho pélvico;

– endometriose;

– ⁠ vaginismo, que é a contração involuntária do assoalho pélvico;

– ⁠história de abuso sexual ou trauma;

– ⁠doenças dermatológicas como líquen escleroso, líquen plano, dermatite;

– ⁠história de quimioterapia ou uso de progesterona, inibidores de aromatase, tamoxifeno.

Entendendo melhor

Dentre tantos fatores causais de dispareunia, vamos falar sobre o declínio da função ovariana na perimenopausa e pós-menopausa, levando à anovulação e à diminuição dos níveis circulantes de estradiol, de uma faixa de 50 pg/ml a 300 pg/ml (na fase folicular precoce e na fase folicular tardia do ciclo menstrual, respectivamente) para menos de 30 pg/ml. Essa redução do estradiol na circulação na perimenopausa tem consequências estruturais e funcionais para o trato reprodutivo e tecidos circulantes.

A perda do estrogênio contribui para redução do fluxo sanguíneo em geral. É atenuada pela vasocongestão, com alterações típicas nos pequenos e grandes lábios, adelgaçamento da mucosa do clítoris, da vagina e involução paralela do corpo cavernoso.

Tratamento

Para o tratamento é necessária uma avaliação clínica abrangente. Esta inclui história psicossocial e exame médico completo. Testes laboratoriais também devem ser indicados. A relação do impacto físico, psicológico e emocional sobre a função sexual deve ser considerada.

A partir desta avaliação o tratamento será de acordo com a causa da dispareunia, o que pode incluir:

– lubrificantes vaginais

– ⁠analgésicos tópicos

– ⁠fisioterapia do assoalho pélvico

– ⁠estrogênio tópico

– ⁠terapia cognitiva-comportamental

– ⁠dilatadores vaginais

– ⁠injeções de toxina botulínica

– ⁠terapia da atrofia com radiofrequência vaginal e vulvar

– ⁠terapia com laser.

Pós-menopausa

A dispareunia pós-menopausa que ocorre concomitantemente com a atrofia vaginal e está fortemente associada à falta de estrogênio no trato genital. No entanto, uma percentagem significativa de mulheres na pós-menopausa apresenta dor dispareúnica, que não é causada por hipoestrogenismo. É provável que outros tipos de dispareunia que ocorrem na pré-menopausa também ocorram em mulheres na pós-menopausa. É necessária uma investigação para abordar adequadamente esta questão. Uma mudança de perspectiva em direção a uma abordagem multiaxial focada na dor é proposta para pesquisas futuras sobre dispareunia em mulheres na pós-menopausa.

Ingrid Chaves Maneira

ginecologista

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