Imagem do estado é representada pela comida e receitas familiares conquistam o mercado nacional, gerando emprego e renda
Alto Paranaíba, Triângulo, Noroeste, Sul, Central, Leste, Norte! Cada região, com sua especificidade e vocação, conta em seus sabores, a história do estado. E os doces são parte importante dessa identidade gastronômica.
A tradicional produção artesanal das receitas mantém, ainda hoje, o fazer familiar como legado cultural de gerações. Com a profissionalização, a atividade passou ainda a gerar mais emprego, conquistando o mercado nacional e fazendo a alegria dos turistas.
A ambrosia, por exemplo, é um dos doces mais antigos de Minas Gerais. Chegou ao Brasil no século XVII, com a vinda das famílias portuguesas, principalmente das mulheres que eram habituadas a essa receita.
O nome do doce é também cheio de simbolismo. Por causa do sabor, tido como divinal, a ambrosia é chamada, em grego, de manjar dos deuses do Olimpo.
A ambrosia de Araxá, no Alto Paranaíba, é famosa. A referência é a receita da dona Joana D’Arc, de 83 anos, mais conhecida como dona Joaninha. O jeito de fazer ela aprendeu no passado, com uma amiga, e passou para o filho Luiz Augusto de Almeida e a nora. Os dois comandam uma doceria, em Araxá, negócio iniciado por dona Joaninha. Luiz Augusto conta que o segredo está na paciência.
O leite não é talhado e sim cozido durante 8 ou 9 horas. “O tempo é fundamental para refinar o gosto e suavizar a presença dos ovos. A maioria das pessoas come e não sabe se eles são ingredientes”, afirma o herdeiro de dona Joaninha, acrescentando que a receita artesanal já recebeu vários prêmios.
Também está na lista das receitas de dona joaninha a “ameixinha de queijo”, uma massa feita com ovos e queijo. Famosos na região ainda são os doces de leite, de goiaba, de figo, abóbora com coco e de jabuticaba.
“O processo de produção continua o mesmo, há mais de 40 anos, quando dona Joaninha começou a fazer os doces”, afirma Luiz Augusto. Ele acrescenta que as adaptações sanitárias e das instalações físicas buscaram preservar o jeito artesanal de fazer os doces.
Culinária é identidade mineira
Segundo a superintendente de Gastronomia da Secretaria de Estado de Turismo (Setur), Nathália Farah, a gastronomia representa o resgate da história do estado e tem impactado o turismo em Minas Gerais. Ela cita pesquisas realizadas pela Setur: em 2013, a gastronomia era a imagem de Minas Gerais para 24% dos turistas, em 2014, o índice subiu para 33%.
A valorização dos saberes e sabores regionais inclui a agroindústria artesanal de alimentos. O segmento é estimado em 1.153 estabelecimentos em Minas Gerais, a maioria formada de agricultores familiares. Destes, 37,2% processam leite, 24,6% cana de açúcar e outros 24% frutas e vegetais.
O estímulo à produção de doces está vinculado ao trabalho da Emater-MG e do IMA com as agroindústrias familiares. As ações são voltadas para orientações técnicas sobre o plantio da fruticultura, processo de produção dos alimentos, boas práticas, etapas para a certificação, informações que devem conter o rótulo e participação em feiras.
Para a coordenadora técnica regional de Bem Estar Social da Emater-MG, Eugênia Mara Gonçalves, o mercado exige novas posturas do produtor. “Hoje o público quer ter segurança alimentar, quer saber a origem do produto, se é certificado. As informações precisam estar claras no rótulo. Então a gente trabalha com o produtor no sentido de mostrar as exigências do mercado e da legislação sanitária”.
Ainda segundo Eugênia Mara, o papel do técnico é ajudar o produtor fazer as adequações do processo de fabricação, preservando uma receita que é tradição. “Defendemos uma cozinha mineira mais profissional, valorizando as tradições e a qualidade do produto”, conclui a técnica da Emater-MG.
Os fabricantes de quitandas e doces também recebem informações sobre as formas de colocar os produtos no mercado seja por iniciativa individual ou por meio de cooperativa.
Agência Minas