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Fase de crescimento: quando crianças e adolescentes devem procurar um ortopedista?

Especialista da Unimed Araxá indica sinais de alerta para os pais

Muitos pais e responsáveis se perguntam quando é o momento correto de procurar um ortopedista. Esse profissional é o responsável por tratar doenças em crianças e jovens nesse período da vida, popularmente conhecido como fase de crescimento.

Existem dois principais sinais de alerta de que é necessário iniciar um acompanhamento ortopédico: a dor articular e a dificuldade em qualquer função motora (quando as crianças ou os jovens não conseguem fazer funções básicas adequadamente, como caminhar e correr).

Ao nascer, a criança já passa por uma triagem ainda na sala de parto pelo pediatra, na qual são avaliadas, entre outras características, a presença de polidactilia (dedos extranumerários), sindactilia (dedos grudados), espinha bífida, displasia do quadril e pé torto congênito.

Uma característica que costuma preocupar os pais é o chamado pé plano ou pé chato. A criança nasce com o pé plano e, em torno dos 2 anos de idade, começa a se desenvolver o arco plantar, que pode se desenvolver até os 6 anos. Só deve haver preocupação quando essa condição se torna motivo de dor para a criança ou limitação funcional e, nesse caso, o ortopedista pode recomendar tratamento.

Outra questão bastante observada nessa faixa etária é o alinhamento das pernas. Em bebês, as pernas arqueadas (joelho varo) em geral se corrigem de forma natural até os 2 anos de idade. Caso persista, é necessária uma consulta para avaliação. Já entre os 3 e 6 anos de idade é comum o joelho em X (joelho valgo), mais presente nas crianças gordinhas, que em geral também se corrige naturalmente até os 8 anos. Caso os pais notem uma angulação mais acentuada e/ou desproporcional, ou que ainda cause dor/dificuldade ao caminhar, o ortopedista deverá ser procurado.

Na adolescência, é muito comum a “dor do crescimento”. Acredita-se que esse incômodo ocorre no estirão do crescimento dos pequenos devido a um crescimento ósseo mais rápido do que o muscular/tendinoso, ocasionando um certo tensionamento dos tendões em sua inserção nos ossos, que pode ser agravado durante a prática de atividades físicas. A dor ocorre principalmente à noite e cerca de 20% das crianças sentem alguma dor do crescimento durante seu desenvolvimento. Importante ressaltar que a dor do crescimento é um diagnóstico de exclusão, portanto a criança deve ser avaliada quanto a outras causas de dor articular (artrites, sinovites…). Os sintomas que os pais devem ficar atentos são: hiperemia articular, vermelhidão, dificuldade ou bloqueio para movimentar a articulação, marcha claudicante, febre e perda de apetite.

Ainda na adolescência, outro motivo comum de consulta e dúvida dos pais é em relação à postura de seus filhos. O que mais vemos na prática clínica é o dorso curvo postural e escoliose idiopática juvenil, principalmente nas meninas. Nesta fase, com o desenvolvimento das mamas as meninas podem se sentir envergonhadas e deixar o ombro mais caído para tentar “esconder” seu corpo, o que pode interferir na sua postura e no desenvolvimento da coluna. O papel do ortopedista nessa situação visa através da avaliação clinicorradiológica, diferenciar entre outras patologias que podem agir de forma semelhante, como hipercifose torácica e cifose de Scheuermann.

Na escoliose, os pais podem observar alguns sinais que chamem atenção para uma avaliação do especialista como, por exemplo, diferença na altura dos ombros, pelve inclinada, gibosidade ou abaulamento nas costas quando a criança se abaixa e assimetria do triângulo de talhe (triângulo formado entre o braço e o tronco quando o paciente é visto de costas). É muito importante a avaliação e acompanhamento do ortopedista nesse quadro pois a escoliose pode se acentuar muito durante o estirão do crescimento e há medidas terapêuticas eficazes para o tratamento clínico.

Enfim, os pais e familiares são nossos principais aliados no tratamento da dor articular e distúrbios do movimento de nossas crianças. Ao perceber qualquer alteração nos seus filhos, principalmente as descritas neste texto informativo, a consulta com seu ortopedista não pode ser negligenciada.

SIDNEY GONÇALVES RAMOS

médico ortopedista

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