Por conta do isolamento social, projeto se divide em três frentes, com curso de Formação em Teatro Digital, produção de websérie e estreia de três montagens virtuais dirigidas por Barbara Paz, Cacá Carvalho e Yara de Novaes
Durante os últimos 19 anos, o festival Teatro em Movimento foi responsável por descentralizar o acesso às grandes produções do eixo Rio-São Paulo e trouxe para Belo Horizonte e outras 15 cidades mais de 300 espetáculos em um constante programa de formação de plateia.
Prestes a dar início à edição 2020, o projeto foi surpreendido pela pandemia do Covid-19 e todo o isolamento social que começou desde então. Após um período de estudo e pesquisa, a produtora Tatyana Rubim – idealizadora do Teatro em Movimento – transformou o festival em algo absolutamente novo.
A partir de agosto, o projeto dá início ao Teatro EmMov Digital, uma ampla plataforma de Teatro para web, construída a partir de três pilares: um curso pioneiro de formação em Teatro Digital, a produção de uma websérie com vinte episódios e o lançamento de três montagens virtuais concebidas exclusivamente para a ocasião e estreladas por Barbara Paz, Cacá Carvalho e Yara de Novaes.
O Teatro EmMov Digital tem coordenação geral de Tatyana Rubim, que também divide a coordenação de experiências digitais e formação em teatro digital da doutora da UFMG Mariana Lima Muniz. O projeto conta com os patrocínios da Cemig, Instituto Unimed-BH(através do incentivo de mais de 5,1 mil médicos cooperados e colaboradores) e do Itaú, por meio da Lei Federal de Incentivo à Cultura, do Ministério do Turismo.
Desde o início do processo, a preocupação de Tatyana é a mesma com que conduziu o Teatro em Movimento ao longo de quase duas décadas: prestar um serviço de excelência, estar atenta aos espectadores e deixar um legado. ‘O tempo é outro, a formula é outra! E, para tanto, é preciso entender este novo ambiente, trazer as pessoas certas e especialistas, a fim de produzir algo novo, como repertórios para serem apresentados ao público, que também deve ser considerado como um “novo espectador”, por se comportar de modo diferente da presencial. É o desafio de construir o novo para o novo normal’, diz Tatyana, que convocou uma equipe de peso para ampará-la neste novo momento.
Além de Mariana, Matias Umpierrez assina uma espécie de mentoria do projeto e por vezes supervisionará diretores na empreitada, que contará com profissionais referenciais na dramaturgia brasileira, como André Cortez, Inês Peixoto, Gilberto Scarpa, Tattá Spala, Marcio Medina, Vinicius Calderoni e Vinícius Souza.
O Teatro EmMov Digital será realizado com uma equipe de quase 100 pessoas, entre diretores, atores, cenógrafos, cineastas, roteiristas, especialistas da área digital, produtores e professores. Toda esta cadeia produtiva teve seu trabalho interrompido com o isolamento social.
‘O teatro sobreviveu a muita coisa e agora vai se reinventar também. Após escutar alguns infectologistas, lamentavelmente percebemos que novas pandemias poderão surgir. O mundo sofrerá e precisamos estar preparados. O cenário digital vem para ficar e precisamos preservar a referência e a identidade do teatro brasileiro’, analisa Tatyana, que investiu no caráter educacional do projeto por conta disso.
Toda a concepção do projeto foi idealizada com a consultoria em tecnologia de Zé Renato de Carvalho e especialistas em mídias digitais, além de seguir rigorosamente todas as normativas da OMS (Organização Mundial de Saúde) contra a contaminação do Covid-19.
Teatro EmMov Digital: Um festival virtual formado por três eixos
Educação Online: Formação em Teatro Digital
A Formação em Teatro Digital é voltada para a capacitação de profissionais em Teatro Digital, com previsão de acontecer entre agosto 2020 e janeiro de 2021, com 180 horas, na modalidade de educação online. São 200 vagas para o curso e 100 vagas por disciplina para ouvintes (que não farão o curso todo). Tatyana diz que este eixo fecha o pensamento global do projeto na medida em que contribui para especialização da cadeia produtiva já iniciada no presencial, mas abre chances para quem quer ingressar nesta temática do Teatro digital, sendo este um dos diferenciais desse projeto. Toda a programação será gratuita.
As aulas serão aplicadas exclusivamente online, em plataforma própria, por professores capacitados nas áreas de artes digitais, teatro digital, games, audiovisual e produção de projetos culturais. O objetivo é que o curso contribua para a abertura de novos mercados para profissionais da área das artes cênicas em Belo Horizonte e outras cidades de Minas Gerais e do país. A coordenação pedagógica é da professora doutora da UFMG Mariana Lima Muniz (UFMG).
As inscrições são de 27 de julho a 7 de agosto e podem ser feitas através do site do Teatro em Movimento. As aulas terão início em 17 de agosto.
Websérie #Quarentemas” – com episódios inspirados em canções do Clube da Esquina e gatilhos de improvisação
A websérie #Quarentemas vai produzir vinte episódios protagonizados por vinte artistas, a maioria formada por mineiros. Este eixo do Teatro EmMov Digital será comandado pela atriz e diretora Inês Peixoto, do Grupo Galpão, o cineasta Gilberto Scarpa, o videomaker Éder Santos, o músico Tattá Spalla, o cenógrafo e figurinista Marcio Medina, o dramaturgo Vinícius Calderoni e o diretor Vinícius Souza.
O roteiro dos dez primeiros episódios será inspirado em canções do Clube da Esquina. Os demais terão como ponto de partida os conflitos causados pelo confinamento social imposto pela pandemia da Covid-19.
Todos os envolvidos não terão contato físico. Os próprios atores vão se gravar em casa, com a liberdade de improvisar e experimentar esse processo de criação solitária, a partir dos textos de Vinícius Calderoni e com uma equipe composta por Inês Peixoto, Gilberto Scarpa e Márcio Medida no direcionamento artístico e também apoiando o momento solitário destes artistas confinados.
Eles serão convidados a criar relatos sobre situações íntimas que estão vivenciando neste período de quarentena. Os relatos estarão ancorados pela possibilidade de uma exposição de material pessoal ou ficcional do ator. A oscilação entre a representação e a não representação trarão para o projeto desdobramentos da cena contemporânea, onde a proximidade com a performance provoca um estado de presença diferenciado.
Cenaweb – Experimentos Digitais
Este terceiro eixo do projeto resultará em uma plataforma de processos criativos em mídias digitais. O primeiro passo foi a ‘Clínica da Obsessão’, experiência online com o argentino Matías Umpierrez, reconhecido mundialmente por seu trabalho criado a partir da fricção entre vídeo, artes vivas e intervenções urbanas.
Barbara Paz, Cacá Carvalho e Yara de Novaes foram os artistas convidados para este experimento e, a partir dessa imersão, junto com os demais artistas envolvidos, formularam um projeto a ser compartilhado na internet, através da exploração de recursos digitais, hiperlinks, narrativas gammers e sua relação com o teatro. As três ‘montagens’ serão compartilhadas em setembro na plataforma. O Cenaweb – Experimentos Digitais tem a coordenação de Tatyana Rubim e de Mariana Lima Muniz.
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