Estudo mostra que danos ocorrem porque a espinha necessita segurar um peso extra por maior tempo, quando sua cabeça está inclinada para baixo
As férias escolares chegaram ao fim. Seu filho passou praticamente todo o tempo sentado, curvado, com os olhos fixos no monitor da TV, do computador, do notebook, do tablet/iPad ou do aparelho de telefone celular. Os dedos e braços repetiram movimentos, sem parar.
A má postura e tantos movimentos repetitivos integraram esta rotina moderna, bem diferente de quando você era criança e corria com os amigos da sua idade por aí. “O mundo mudou para melhor em termos de tecnologia, mas é uma espécie de efeito dominó. Quanto mais dispositivos eletrônicos, mais tempo passamos olhando para suas telas. Precisamos ter consciência destes impactos e aprender como diminuir os danos ao nosso corpo”, explica o fisioterapeuta Júlio César Sousa Ribeiro, responsável pelo ITC Vertebral Uberaba e Stúdio Pilates & Cia.
Júlio é especialista em Fisioterapia Músculo-Esquelética, Osteopatia e Acupuntura e chama a atenção para o crescente o número de pacientes que apresentam lesões por esforços repetitivos (LER), hérnias de disco cervicais e dores musculares em razão da postura inadequada decorrente do uso de aparelhos eletrônicos.
Ele sugere que você faça um teste simples: “Leia qualquer mensagem em seu celular. Perceba como é automático curvar o pescoço para frente, depois, baixar a cabeça e, por fim, olhar para baixo. O mesmo acontece com o seu filho, principalmente, se ele estiver jogando ou assistindo a algum vídeo ou filme. Imagine os efeitos destas posições em longo prazo. Perceba que nem mencionamos os movimentos repetitivos dos dedos ou braços ao digitar”, enfatiza ele.
O New York Spine Surgery & Rehabilitation Medicine divulgou estudo mostrando que os danos ocorrem porque a espinha necessita segurar um peso extra por maior tempo quando sua cabeça está inclinada para baixo. Conforme a inclinação, o dano pode ser maior, incluindo o desgaste precoce, rompimento, degeneração e a perda da curva natural da espinha cervical.
Dicas para o cotidiano
Diretor regional da ABRColuna (Associação Brasileira de Reabilitação de Coluna ), Júlio é consciente de que o caminho da tecnologia não tem volta, mas recomenda atenção a cada atividade.
“O aparelho celular deve ser levado à altura dos olhos com uma das mãos e, para mexer nas funções do telefone, use a outra mão. Outra dica é fazer pausas a cada uma hora e realizar movimentos simples, alongando o corpo para relaxar a musculatura”.
O notebook ou tablete/iPad deve ser utilizado sobre a mesa, nunca sobre a cama ou colo, para evitar que a cabeça fique projetada para frente, com o olhar para baixo. “Sempre apoie as costas. Os braços (ombro – cotovelo) devem ficar ao longo do corpo e o cotovelo a 90º, evitando que o tronco e a cabeça sejam projetados para frente”.
O peso da nossa cabeça
Ainda segundo o New York Spine Surgery e Rehabilitation Medicine, com apenas 15° de inclinação da cabeça, a espinha precisa carregar 12 kg. Se inclinamos nossa cabeça entre 45° e 60°, a pressão sobe entre 22 kg e 27 kg, respectivamente, sobre a coluna.
Se você gasta de duas até quatro horas do dia com a cabeça voltada para os equipamentos eletrônicos, acumula entre 700 e 1.400 horas de estresse sobre a espinha anualmente. “Estes números podem subir consideravelmente no caso dos estudantes. Calcula-se cerca de cinco mil horas extras causadas por má postura”.
Assessoria de Comunicação