Entidades ligadas à educação e especialistas cobram mais investimentos em setor na qual Minas está se despontando
Instituições de ensino técnico e profissionalizante de Minas Gerais manifestaram interesse em oferecer cursos de capacitação técnica de mão de obra destinada à produção de energia solar fotovoltaica. A discussão foi tema de audiência pública da Comissão de Minas e Energia da Assembleia Legislativa de Minas Gerais (ALMG) na tarde de terça-feira (02).
Autor do requerimento para realização da audiência pública, o deputado Bosco destacou a importância de Minas Gerais no cenário nacional de geração de energia fotovoltaica e o fato de o mercado estar em franca expansão, propiciando grandes oportunidades de emprego aos jovens.
O diretor-geral do Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia de Minas Gerais – Campus Ribeirão das Neves, Charles Martins Diniz, disse que o cenário é favorável ao treinamento sistematizado nos diversos institutos federais de todo o Estado, já que a perspectiva de crescimento na área é grande. “Temos condições e estamos prontos para fazer essa formação. Minas Gerais é o estado com o maior número de conexões fotovoltaicas do Brasil, ultrapassando São Paulo. E até 2024 esses pontos podem chegar a 1,2 milhão, sendo que a maior parte serão pequenas usinas e residências”, afirmou.
O diretor de Desenvolvimento Institucional do Instituto Federal do Sul de Minas, Paulo Roberto Ceccon, reforçou que os jovens mineiros precisam estar preparados para a grande expansão do mercado fotovoltaico, responsável por 70% da energia limpa produzidas hoje no país. “Já temos uma usina de energia solar e estamos capacitando nossos professores. Mas precisamos de incentivo por parte das empresas ou do governo. Com um laboratório nós teríamos condições de instalar cursos técnicos e de especialização. Já temos as pessoas capacitadas, faltaria apenas o investimento”, explica.
Parcerias – Também pediram investimentos o presidente da Fundação Cefet Minas, Paulo Eduardo Maciel Almeida, e o diretor-geral do Instituto Federal do Norte de Minas – Campus Montes Claros, Renato Afonso Cota Silva. “Buscamos parcerias no setor público. O momento é difícil, não há condições financeiras, e até sonhamos com encubar empresas e promover empreendedorismo para quem quisesse se aventurar nessa área. Mas a escassez de recursos é grande”, ponderou Silva.
O assessor de Políticas Educacionais da Subsecretaria de Desenvolvimento da Educação Básica da Secretaria de Estado de Educação, Wladimir Tadeu Silveira Coelho, disse que um ponto de partida pode ser o uso do ambiente escolar para a mobilização na busca por uma energia mais limpa por parte da sociedade. “A ampliação da matriz energética nacional passa por diversos interesses e a escola pode ser mais um elemento provocador, onde essas discussões aconteçam”, afirmou.
Alta demanda – O diretor Regional do Senai, Cláudio Marcassa, afirmou que o curso profissionalizante que eles possuem surgiu de demanda da própria indústria. “Estamos em funcionamento e com alta demanda. Fomos procurados por uma empresa paulista que vai se instalar em Montes Claros e estamos nos estruturando para atender no Norte de Minas e até em outros lugares do estado. Como tínhamos a demanda, enviamos profissionais para treinamento em outros locais com know-how, para abrirmos curso nessa área”, explicou.
O presidente da Associação Brasileira de Geração Distribuída (ABGD), Carlos Alexandre Frosini Evangelista, alertou que muitos cursos que hoje existem no mercado nem sempre tem a preocupação com a qualidade do ensino que o Senai demonstra e, por isso, a entidade criou uma certificação para os profissionais da área, com o objetivo de melhorar, qualificar e proteger o atendimento para o consumidor.
“Hoje existem 473 cursos de instaladores de energia fotovoltaica, uns bons, outros nem tanto. Não temos competência para formar, precisamos de vocês, para fazer essa melhor formação. Isso é fundamental para nós. Teremos a aplicação de uma prova prática e teórica, cujo conteúdo deriva de boas práticas europeias que absorvemos. As vantagens disso são a segurança para os clientes e o fato de que o profissional com a certificação se sobressairá no mercado”, aponta Carlos Evangelista.
Requerimentos – Ao final da reunião, foram aprovados três requerimentos: um de audiência pública, de autoria do deputado João Vitor Xavier, e dois de visitas, de autoria do deputado Bosco. A audiência seria para tratar das consequências da transferência, para dentro do município de Sabará (RMBH), do transporte de minério da empresa Empabra/Phoenix. As visitas são ao secretário de Estado de Desenvolvimento Econômico, Ciência, Tecnologia e Ensino Superior e ao ministro da Educação, ambas com o objetivo de apurar ações para formação de mão de obra especializada destinada a atender o mercado de desenvolvimento e produção de energia solar fotovoltaica.