Entre os livros mais antigos do acervo municipal estão obras datadas do século 19 e início do século 20, como a Constituição Política Império do Brasil de 1855
Nas estantes da biblioteca, sujeitos à ação do tempo, do ambiente, de traças e mofos, os livros podem acabar deteriorando e precisando de reparos. É uma página perdida ou rasgada, a capa que descolou do miolo ou simplesmente uma sujeira em qualquer página.
Nas mãos da técnica em restauração de livros da Prefeitura de Araxá, Juçara Soares, “para tudo dá-se um jeito”. “O principal é manter a característica do livro e não colocar elementos que possam descaracterizar a obra”, afirma.
O núcleo de restauração da Biblioteca Pública Municipal de Araxá nasceu de um projeto da diretora da instituição, Maria Clara Fonseca, em 1997. De lá para cá já foram inúmeras obras recuperadas com o auxílio de equipamentos como guilhotina, prensa e outras ferramentas.
“A importância principal desse projeto é a possibilidade de preservação não só de livros, como também jornais e revistas. A biblioteca é uma instituição de memória coletiva. E preservar esses documentos é uma forma a manter viva a história, inclusive da nossa cidade”, afirma a diretora.
Entre os livros mais antigos do acervo municipal estão obras datadas do século 19 e início do século 20, como a Constituição Política Império do Brasil de 1855 uma coleção de Monteiro Lobato de 1920 que passou pelas mãos habilidosas e pacientes de Juçara. “Todo livro que chega, é como um paciente quando busca um hospital para fazer um check-up. É preciso fazer um diagnóstico para identificar quais são as técnicas que devem ser aplicadas para a recuperação da obra”, explica.
De acordo com ela, no diagnóstico da encadernação, por exemplo, é avaliado se há folhas soltas ou faltando, se a costura da encadernação está frouxa ou rompida e se a capa se desprendeu do miolo. Nas páginas internas, ela observa se será preciso substituir alguma página, se demanda higienização com a borracha ou com o bisturi no caso de sujeiras mais espessas.
“Em algumas situações, há até mesmo a necessidade de usar álcool ou detergente. Neste caso, fazemos um teste na tinta da impressão, para ver a viabilidade de uso de produtos líquidos”, explica.
A capa geralmente é a primeira a sofrer deterioração. Rasgados, sujeiras, ilegibilidade ou até mesmo a falta dela, geralmente faz com que o livro ganhe uma nova capa. “É um trabalho importante para a preservação de obras, algumas raras, que transmitem conhecimentos e curiosidades para o futuro através do papel”, reforça Juçara.