Suspeitos foram abordados na BR-262 e complexo esquema criminoso foi desvendado no final de semana
Por Caio Ranieri
Um complexo esquema que provavelmente pretendia aplicar golpes em empresas de seguros foi descoberto em uma operação conjunta das Polícias Militar e Civil de Araxá, no Alto Paranaíba, nesse final de semana. Tudo começou quando a PM realizada um patrulhamento nas imediações da cidade e esteve em um posto de combustíveis na BR-262.
No local, estava um carro de passeio com três ocupantes. Eles davam suporte a uma carreta, com placas da cidade de Igarapé/MG. O motorista da carreta fugiu ao perceber a presença da polícia, enquanto os ocupantes do Celta apresentaram versões contraditórias a respeito, por exemplo, do porque teriam se deslocado de Igarapé para prestarem socorro ao motorista da carreta, já que o veículo havia apresentando problemas mecânicos.
A respeito do motorista da carreta, os suspeitos disseram que ele havia se dirigido até a borracharia. Fato esse que aumentou a desconfiança dos militares, já naquele horário, por volta de cinco horas da madrugada, a borracharia estava fechada. Um dos ocupantes do automóvel se identificou como funcionário da Delegacia de Polícia Civil de Igarapé.
No interior do Celta foram encontrados documentos, talão de cheques em nome de terceiros e, além disso, uma corda. No interior da cabine da carreta, os militares encontraram os documentos e o celular do motorista que fugiu, que é morador de Araxá, além de dois pares de placas automotivas novas, pertencentes a outra carreta.
Os acusados foram levados à Delegacia de Polícia de Araxá, quando começaram a ser montadas as pedras do quebra cabeças do caso. “Descobriu-se que as placas que estavam na cabine da carreta pertenciam a outros veículos de mesma marca, modelo e cor da carreta apreendida. Feito contato com os donos destes outros veículos, eles afirmaram que não haviam solicitado as placas. O sistema do DETRAN-MG acusa a emissão de segunda via dos documentos destes veículos, o que também não foi feito a pedido dos proprietários”, informa nota enviada pela Assessoria de Comunicação da Polícia Civil.
Começaram buscas a respeito do dono da carreta apreendida, que seria corretor de imóveis em Igarapé, mas ele não atendia ao telefone. O celular encontrado na cabine da carreta começou a tocar e um militar atendeu o aparelho.
“O militar passou a dialogar com outras pessoas que perguntavam sobre o que havia ocorrido, já que os ocupantes do Celta não atendiam aos telefones. Os interlocutores que ligavam no telefone do motorista fugitivo eram, na verdade, dono da carreta apreendida e pessoas ligadas a ele. Ao saberem que a polícia havia recolhido a carreta e prendido os ocupantes do Celta, anunciaram que iam antecipar o “registro do roubo”. Naquele momento, ficava claro que a polícia de Araxá havia descoberto uma quadrilha organizada que pretendia instalar as placas falsas na carreta, vendê-la para alguém da região, anunciar falsamente o roubo da carreta e receber o valor do seguro”, ressalta a nota da PC.
Em contato com Delegada de Polícia de Igarapé, foi confirmado o ocupantes do Celta havia mentido, ao afirmar que trabalhava na unidade. Não existe nenhum funcionário no local com o nome dele. O corretor de imóveis que é dono da carreta apreendida se recusava a atender aos telefonemas do Delegado de Araxá.
“Entretanto, ele ligava a todo instante no telefone do motorista fugitivo pedindo informações sobre o que estava se passando e confirmando que mandaria um terceiro até um posto da Polícia Rodoviária Federal para registrar falsamente o roubo e acionar a seguradora. Apenas depois das 10h, depois de quatro de tentativas, o Delegado plantonista conseguiu falar com o corretor, momento em que este, de forma dissimulada, dizia que não sabia da carreta e muito menos do motorista”, diz.
Por volta das 11h, outro integrante da quadrilha foi deixado pelo corretor nas proximidades do posto da Polícia Rodoviária Federal (PRF), em Betim, para que fosse feito o registro falso do roubo. A PRF, ciente da manobra, prendeu o falso motorista, conduzindo-o à Delegacia de Plantão de Betim. Os três indivíduos conduzidos para a Delegacia de Plantão de Araxá foram autuados por formação de quadrilha e estelionato tentado.
Agora, prosseguem as investigações para apurar a quem se destinava, em Araxá, a carreta produto do crime e também para saber onde foram produzidas as placas falsas, obtidos os documentos dos veículos relacionados às placas falsas. As diligências continuarão, ainda, para localizar e prender o motorista foragido, que poderá indicar o destino final da carreta. A Delegacia de Polícia de Igarapé está procurando o corretor de imóveis que é o proprietário da carreta apreendida e quem se beneficiaria com a fraude, que ao perceber que o esquema havia sido descoberto, fugiu.