Editais coletivos lançados pelo Governo do Estado preveem compra de R$ 8 milhões em alimentos
A merenda escolar em Minas Gerais está cada vez mais saudável, e a agricultura familiar agradece. Os editais lançados pelo Governo do Estado para a compra de alimentos de pequenos produtores rurais pelas escolas estaduais aquecem a economia local e estimulam a capacitação dos agricultores mineiros.
Os editais fazem parte do projeto Sementes Presentes, que integra a Estratégia Novos Encontros – de Enfrentamento da Pobreza no Campo – coordenada pela Secretaria de Trabalho e Desenvolvimento Social (Sedese), com participação das secretarias de Educação (SEE), de Planejamento e Gestão (Seplag), da Empresa de Assistência Técnica e Extensão Rural de Minas Gerais (Emater-MG), e parceria com as secretarias de Desenvolvimento Agrário (Seda) e de Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Seapa). Neste projeto, há também apoio do Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (Sebrae).
Segundo o diretor do Sebrae, Anderson Cabido, os editais vão injetar diretamente cerca de R$ 8 milhões na economia dos municípios participantes, causando impacto ainda maior. “A estimativa é que, para cada real investido em uma economia, ele tenha um efeito multiplicador de duas a três vezes. Então, o impacto na economia local poderá chegar a 24 milhões de reais, que é maior do que a arrecadação anual da maioria destes municípios”, explica.
O Sebrae ajudou a cruzar informações sobre a oferta dos agricultores, traçada pela Emater-MG, e a demanda das escolas, levantada pela SEE e pelo próprio Sebrae.
A iniciativa do Governo de Minas Gerais também organiza e qualifica os pequenos produtores, por meio da Emater, para que eles possam vender sua produção para as escolas – cujos diretores, por sua vez, foram capacitados para comprar os alimentos por meio de editais coletivos.
No Dia D do projeto, que aconteceu em 28 de março, foram lançados editais coletivos para 27 municípios, com valor total de quase R$ 3 milhões. No total, até o final do ano, serão investidos R$ 8 milhões em aquisição de alimentos, para 759 escolas em 159 municípios mineiros.
Além disso, 50 mil famílias com renda per capita de até meio salário mínimo serão beneficiadas com assistência técnica rural, entrega de sementes e kits de irrigação.
A diretora da Escola Estadual Coronel Filomeno Ribeiro, Clelma Mendes, de Montes Claros, no Território Norte, destaca que a oferta maior de alimentos saudáveis na escola beneficiará, e muito, os alunos. “Eles terão acesso a alimentação de melhor qualidade. Antes, a gente não sabia onde estavam estes agricultores, quem eram, o que produziam e se eram capazes de atender à demanda existente. Com este trabalho, hoje temos um cardápio elaborado com base no que é produzido na região. Temos acesso ao produtor”, conta.
“Os alunos adoram um milho verde cozido, a feijoada feita com o feijão da região, uma salada de fruta fresquinha. Houve uma aceitação muito grande por parte dos estudantes, e os agricultores familiares são auxiliados. No final, a renda ainda fica na região”, completa Clelma. Em Teófilo Otoni, no Território Mucuri, o presidente da Cooperativa dos Agricultores Familiares Frutos da Terra, Jaime Ferreira, está feliz com o projeto. É que a organização, que já vendia seus produtos para 20 escolas estaduais no município, venceu um dos editais do Governo de Minas Gerais e passará a fornecer para as 37 escolas estaduais de Teófilo Otoni, recebendo para isso cerca de R$ 230 mil.
“Quase dobrou o número de escolas que atendemos. Para nós é muito bom, vai aumentar a produção, a nossa renda. Somos hoje 51 cooperados, e depois do edital já temos mais 13 interessados aguardando para se cooperar. Vendemos mandioca, inhame, batata doce, tomate, hortaliças. Começamos a entregar na semana passada”, comemora. A Frutos da Terra já era acompanhada e orientada pela Emater desde 2011, e comercializou como associação para o Programa Nacional de Alimentação Escolar (PNAE) até 2013, ano que virou cooperativa.
No último balanço da SEE, do dia 14 de maio, foi identificado que 62 municípios já participaram dos editais coletivos, com quase 166 mil alunos impactados. Foram demandadas, aproximadamente, 800 toneladas de alimentos da agricultura familiar.
Inclusão socioeconômica
O secretário-adjunto de Educação, Wieland Silberschneider, fala sobre a importância desta estratégia. “A compra institucional qualifica a oferta da alimentação escolar com produtos saudáveis e alimenta uma quantidade significativa de cidadãos, muitas vezes, em situação de insegurança alimentar e nutricional”, ressalta.
Para a secretária de Estado de Trabalho e Desenvolvimento Social, Rosilene Rocha, a proposta do Governo de Minas Gerais visa também combater a fome no campo. “Precisamos facilitar o acesso do pequeno agricultor ao mercado institucional e a permanência das famílias no campo com uma alimentação mais nutritiva e aumento da renda”, enfatiza.
Já o coordenador técnico estadual da Emater-MG, Dario Magno Maia, destaca o efeito altamente positivo sob a ótica da inclusão socioeconômica, uma vez que os territórios participantes são aqueles onde se concentra a maior parte da pobreza no campo. “Como houve este planejamento, sinergia e integração entre diversos órgãos, os resultados alcançados com certeza serão mais amplos e mais permanentes, no sentido de incluir populações que se encontram em situações de risco social nestes municípios”, explica.