Minas no Foco

Projeto da Epamig seleciona variedades de café para o Cerrado Mineiro

Pesquisa colaborativa é desenvolvida em parceria com Federação dos Cafeicultores, Fundaccer e produtores

A Empresa de Pesquisa Agropecuária de Minas Gerais (Epamig), em parceria com a Federação dos Cafeicultores e a Fundação de Desenvolvimento do Café do Cerrado (Fundaccer) e com apoio do Consórcio Pesquisa Café, avalia o desempenho de variedades de café desenvolvidas pelo Programa de Melhoramento Genético da Empresa em propriedades comerciais no Cerrado Mineiro.

O objetivo é identificar os materiais mais adequados e produtivos para diferentes condições de clima e solo. “Os primeiros resultados coletados mostram que não existe uma cultivar de café para o Cerrado, e sim boas cultivares regionalizadas”, explica o pesquisador Gladyston Carvalho.

O trabalho conta com experimentos implantados em 25 propriedades, de 12 municípios da região, além de uma unidade no Campo Experimental da Epamig, em Patrocínio. “A análise abrange diferentes climas, microrregiões e condições de manejo, áreas irrigadas e áreas de sequeiro. São 12 cultivares, sendo nove do Programa de Melhoramento da Epamig e três que são padrão na região: Catuaí 144, pela produtividade; Bourbon amarelo, pela qualidade, e um material bastante resistente à ferrugem, o IAC 125 RN”, detalha César Botelho, coordenador do Programa Estadual de Pesquisa Cafeicultura da Epamig, vinculada da Secretaria de Estado de Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Seapa).

O modelo das Unidades Demonstrativas conta com a participação do dono da propriedade em todas as fases do processo. O projeto colaborativo vigora até 2021 e prevê que os produtores anotem o passo a passo de cada procedimento adotado em sua unidade, contemplando dados sobre condições geográficas, climáticas e tratos culturais. “Entre as particularidades do projeto estão o fato de o produtor assumir todo o custo de implantação e concordar em abrir a fazenda para visitas e eventos técnicos, entendendo que o experimento representa a região”, pontua Gladyston Carvalho.

Ao final do período, as informações serão compiladas e disponibilizados pela Epamig e pela Federação do Cerrado para a recomendação das variedades. “Com esses testes em fazendas microrregionalizadas, o produtor vai ter a oportunidade de escolher, baseado nos dados que nós iremos gerar e nas características específicas da propriedade dele, qual a variedade mais resistente, produtiva e com maior potencial de qualidade de bebida. Esse é o maior programa de difusão de variedades de café no Brasil”, avalia o superintendente da Federação dos Cafeicultores do Cerrado, Juliano Tarabal.

Difusão de tecnologias e intercâmbio de informações

O projeto prevê o acompanhamento da colheita e do desempenho das unidades ano a ano, até 2021. No último mês de maio, a rodada Integra Cerrado promoveu dias de campo, nos municípios de Patrocínio, Monte Carmelo, Araguari, São Gotardo, Carmo do Paranaíba, e Araxá, para avaliação dos resultados da primeira colheita.

Durante os encontros, os produtores apresentaram as condições da propriedade, altitude, cultivo irrigado ou não, espaçamento entre plantas, tipo de adubação, dentre outros, e dados da primeira safra. “Ainda é cedo para a gente cravar uma posição, mas já deu para ver alguns pontos positivos como resistência a ferrugem e produtividade”, opina Fernando Sacoman, que produz café irrigado, em Araguari. “A primeira safra proporcionou uma boa colheita e, pela nossa experiência, observando as plantas que foram colhidas, identificamos um bom potencial também para a segunda safra”, comenta Diogo Tudela, da Fazenda Castelhana, em Monte Carmelo.

O pesquisador Gladyston Carvalho destaca que a seleção das propriedades, feita com o auxílio da Federação dos Cafeicultores do Cerrado e da Fundaccer, buscou preservar as condições e os tratos culturais já adotados pelos cafeicultores.

“As 26 propriedades estão cobrindo cerca de 90% do que tem de diferente no Cerrado. Por enquanto, o cafeicultor oferece à planta o manejo dele, que é semelhante ao das propriedades do entorno. Ao final dos três anos de colheita, nós queremos propor mais um ano, solicitando que o agricultor não faça controle da ferrugem, para que possa comprovar os benefícios de uma variedade resistente”, sugere.

O projeto também vai avaliar as características sensoriais dos cafés das cultivares melhoradas. “O produtor está tirando cafés, seguindo o protocolo orientado pela Epamig e pela Federação, e preparando as amostras, para que, no segundo semestre, a gente possa se reunir no Centro de Excelência do Café, com a participação dos provadores das fazendas participantes, para a avaliação sensorial. Assim vamos começar a compreender os diferentes padrões da bebida de cada variedade e em cada microrregião”, completa o pesquisador Gladyston.

O projeto “Unidades Demonstrativas para Validação de Cultivares de Cafeeiro para as Condições da Região do Cerrado Mineiro” tem o apoio do Consórcio de Pesquisa Café, da Fundação de Amparo à Pesquisa de Minas Gerais (Fapemig), do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq) e do Instituto de Nacional de Ciência e Tecnologia do Café (INCT Café).

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