Ciclistas confirmaram o favoritismo e agora somam 110 pontos nos rankings olímpico e mundial da UCI – União Ciclística Internacional – de olho em Paris-2024
Os ciclistas que entraram na pista da Copa Internacional Michelin de Mountain Bike durante o terceiro e último dia da etapa de Araxá atingiram as expectativas dos fãs, que lotaram as dependências do Grande Hotel Termas de Araxá para acompanhar as corridas do Cross Country Olímpico (XCO).
Nas duas principais disputas do dia no evento apresentado pela CBMM, as das super elites feminina e masculina, Raiza Goulão e Henrique Avancini repetiram o feito do dia anterior, quando venceram o Short Track (XCC), e assim somaram ao todo 110 pontos nos rankings olímpico e mundial. Os pontos são muito importantes, na corrida por vagas para os Jogos Olímpicos de Paris-2024.
A última disputa da 19ª edição consecutiva da prova de Araxá na CIMTB Michelin, que foi responsável por encerrar com chave de ouro a etapa, coroou mais uma vez Henrique Avancini, que pelo nono ano seguido foi campeão da etapa na super elite. Com o título, Avancini soma 15 conquistas na etapa mais tradicional do ciclismo latino-americano (ele venceu outras seis ocasiões nas categorias de base). Após terminar a prova, Avaça – como é chamado carinhosamente – valorizou sua relação com o local que, segundo ele, foi provavelmente onde mais competiu em sua carreira.
“Hoje venci pela nona vez consecutiva na elite em Araxá. Isso é bem difícil, é um feito que me orgulho bastante. Já tive grandes disputas aqui Catriel Soto (ARG), David Rosa (POR), Michael Lami (SVK), Hans Becking (HOL), Cocuzzi, José Gabriel, Leonardo Paez (COL)… Enfim, foram tantas grandes disputas aqui e sempre consegui de alguma forma tirar forças para conseguir a vitória. Às vezes me sentindo muito bem, outras não tão em boa forma. Já competi doente. Mas não sei. Sei que em Araxá me dá uma força extra para buscar a vitória com todas as minhas forças”, enalteceu Avancini.
A prova do XCO repetiu o enredo do XCC, com uma boa disputa entre os principais favoritos, no entanto foi decidida mais cedo. Enquanto no dia anterior a prova foi definida a poucos metros do fim, na modalidade Olímpica Avancini foi minando seus rivais volta após volta, para vencer com certa folga, em 1h25min46, vantagem de 1min15 para o vice-campeão, José Gabriel Marques. O top 5 teve ainda Guilherme Muller, Jhonnatan Botero (COL) e Luiz Cocuzzi. Juan Fernando Monroy (COL), Ulan Galinski, Jerónimo Botero (COL), Rubens Donizete e Flavio Neto completaram o pódio entre os homens na super elite.
“Estava um pouco travado nas duas primeiras voltas. Eu estava perdendo um pouco na descida para não arriscar demais e acertar alguma pedra que eu não estava vendo e estava queimando um pouquinho nas subidas. A partir da terceira volta, o Muller encostou no grupo da frente e a gente começou um ritmo um pouco mais constante. Aí, eu entrei um pouquinho na prova e no meio da terceira volta eu comecei a testar e fazer uns ataques. Primeiro o Gui ficou, depois o Jhonnatan Botero e aqui no final da volta o José Gabriel abriu uma vantagem de uns 10 segundos. Eu voltei pra terra e terminei as três voltas tentando pilotar o mais limpo possível”, analisou o campeão do dia.
Assim como no Short Track, José Gabriel foi o vice-campeão. Se no sábado (25) fez uma corrida bastante controlada, no XCO deste domingo o ciclista procurou ser mais agressivo, mas acabou sendo prejudicado com alguns problemas técnicos em sua bicicleta.
“Foi uma prova muito difícil pra mim. Desde a primeira volta minha estratégia era selecionar bem os adversários, para deixar a prova no mano a mano comigo e com Henrique. Logo na primeira volta eu tive uma quebra no canote retrátil, mas não foi problema nenhum. Me adaptei, voltei a andar, consegui ter boa perfomance”, contou Zé Gabriel.
“Estava andando ali com Henrique. Fiz um ataque na descida, furou o pneu dianteiro na quarta volta, mas consegui administrar bem. Passei no apoio e voltei pra prova. Nesse momento estava em quarto, consegui fazer uma prova de recuperação desde então. Na última volta, furei o pneu traseiro de novo. Então, tive que parar e aí me recuperar. Foi uma prova de grande performance e mostrou que eu estou no caminho certo. Mostrou também que Araxá é especial para mim. Infelizmente cometi alguns erros, mas estou feliz com o resultado”, completou.
Super elite feminina
Entre as mulheres, a história também foi bem parecida com o dia anterior. Outra vez, Raiza Goulão e Hercília Najara sobraram em relação às rivais. No entanto, a prova teve Raiza construindo sua vantagem volta a volta. Hercília ainda ensaiou uma recuperação, mas com um pneu furado acabou vendo suas chances de vitória irem por água abaixo.
“Estou bem feliz. Fico muito orgulhosa pela vitória e também isso me motiva pelo nível das mulheres subindo. Parabéns para a Hercília, pois conseguimos nos destacar. Logo no início ela veio comigo. Foi uma prova muito boa. É bom andar com uma atleta de alto nível na descida. E foi bom analisar ela, estudar e esperar o momento certo para abrir uma diferença e continuar na liderança”, disse Raiza.
“São pontos muitíssimos importantes pra mim, uma prova hors class (HC) aqui no Brasil, há poucas no mundo. E isso me dá uma motivação extra. Assumindo a liderança ao ser a melhor brasileira na UCI. Isso prova o porque que fiz uma tatuagem, a fênix, que ressurge das cinzas. É minha história e eu agradeço a todos que estão comigo. Essa vitória acho que é o início de uma nova era da Raiza”, refletiu a campeã.
Vice-campeã pelo segundo dia seguido, Hercília fez uma avaliação da sua prova no Cross Country Olímpico. “A entrega desse circuito é muito completa. Você tem que ter força, tem que ter potência, e eu gosto muito, é meu circuito preferido. Queria fazer minha prova independente das minhas adversárias. Achei um ritmo muito bom na primeira, segunda e terceira voltas. A Raiza acabou abrindo na terceira e eu comecei a tirar a distância que ela conseguiu abrir. Aí, eu tive um furo no pneu, e parei na quarta volta para fazer a troca. Depois, eu não consegui diminuir essa diferença. Mas, eu estou muito feliz com o resultado e valeu muito a pena”, contou Hercília.
Letícia Cândido, Maria Fernanda Castro (CHI) e Isabella Lacerda, que segue com a camiseta de líder da temporada, completaram as cinco primeiras posições. Maria Trinidad Moreno (CHI), Yarela Obando (CHI), Karen Olímpio, Liege Silva Walter e Sabrina Silva completaram as 10 primeiras colocações, todas subindo no pódio.
Top 10 das super elites em Araxá
Feminina
1. Raiza Goulão – 1:29.35
2. Hercília Najara – 1:31.00
3. Letícia Cândido – 1:31.50
4. Maria Fernanda Castro (CHI) – 1:33.55
5. Isabella Lacerda – 1:37.02
6. Maria Trinidad Moreno (CHI) – 1:38.31
7. Yarela Obando (CHI) – 1:38.53
8. Karen Olímpio – 1:39.16
9. Liege Silva Walter – 1:40.24
10. Sabrina Silva – 1:41.15
Masculina
1.Henrique da Silva Avancini – 1:25.46
2. José Gabriel Marques – 1:27.01
3. Guilherme Muller – 1:27.33
4. Jhonnatan Botero (COL) – 1:28.21
5. Luiz Cocuzzi – 1:28.33
6. Juan Fernando Monroy (COL) – 1:30.43
7. Ulan Bastos – 1:32.07
8. Jerónimo Botero (COL) – 1:32.16
9. Rubens Valeriano – 1:32.31
10. Flávio Neto – 1:32.35
História da CIMTB Michelin
A organização da CIMTB Michelin realizou sua primeira prova em 1996. Desde então, vem inovando e contribuindo ativamente para o crescimento e fortalecimento do mountain bike e o mercado de bicicletas no Brasil. Contando pontos para o ranking mundial da União Ciclística Internacional (UCI) desde 2004, a CIMTB Michelin tem sido seletiva para os Jogos Olímpicos nos ciclos de Pequim 2008, Londres 2012, Rio 2016 e Tóquio 2020. Em 2022, a CIMTB Michelin aumentará ainda mais sua relevância internacional, com a realização da etapa de abertura da Copa do Mundo Mercedes-Benz de Mountain Bike 2022, em Petrópolis. Além disso, foi responsável pela construção da pista de mountain bike dos Jogos Olímpicos Rio 2016, considerada uma das melhores da história dos Jogos desde 1996, primeiro ano do MTB em Olimpíadas.