Dívida geral da instituição, até dezembro do ano passado era de R$ 12 milhões e pode aumentar ainda mais
A Santa Casa, dentro do propósito da Mesa Provedora prestar conta de todos os recursos extraordinários que recebe, informa qual foi o destino dado aos dois milhões de reais anunciados pela Prefeitura. Do cofre municipal foram repassados em 25 de março, R$ 1.117,00.
Parte desse dinheiro (R$ 523.131,34) foi aplicada para colocar em dia a folha de pagamento do salário de fevereiro que estava com 25 dias de atraso, em acertos trabalhistas, ocasionado por readequação do quadro de pessoal (R$ 394.729,50) e recolhimento de FGTS em atraso (R$ 81,575,23).
R$ 117 mil referiam-se verba indenizatória para reforma das instalações onde funcionou durante muitos anos o antigo Pronto Socorro Municipal – PAM; e são aplicados no momento para reforma do telhado de parte do prédio do hospital. Houve ainda repasse da parcela de R$ 50.000,00 referente a abril, os quais R$ 41.072,03 foram aplicados no pagamento de serviços laboratoriais, dietas enterais e parenterais.
A diferença de R$ 8.927,97 está depositada em conta para atender emergências. O somatório de todos estes valores é de R$ 1.049.436,07. A Prefeitura participa ainda do pagamento dos serviços dos plantões médicos, cujos valores variam a cada mês, mas a ordem de grandeza é de R$ 400.000,00.
De emendas parlamentares, a Santa Casa contou este ano, com R$ 100.000,00 do Deputado Federal Welinton Prado, depositado em 22 de março. O recurso foi aplicado na aquisição de materiais hospitalares e medicamentos. Para se chegar próximos dos R$ 2 milhões de reais deve-se considerar verba de R$ 850.000,00 da CBMM, dos quais ficou acertado repasse em duas parcelas.
A primeira, de R$ 450 mil foi depositada em 18 de junho e utilizada para pagamento a fornecedores de materiais, medicamentos e serviços estratégicos e que estavam em atraso há muito tempo, conta de água, associação e sindicato de empregados, além de e acertos e processos trabalhistas pendentes. Planilha detalhada da aplicação desse recurso foi encaminhada à empresa doadora. A parcela restante, no valor de R$ 400.000,00 é aguardada para outubro deste ano.
Do Governo de Minas, pelo programa ProHosp, foram recebidos de abril a junho deste ano as parcelas de 2018, num total de R$ 598.019,58. A parcela do primeiro quadrimestre de 2019 ocorreu em 21 de junho, no valor de R$ 44.595,60. Este recurso destina-se a medicamentos, materiais hospitalares, oxigênio e manutenção.
A Santa Casa tem um movimento financeiro mensal de aproximadamente R$ 1.500.000,00. O déficit continua na ordem de R$ 350 mil, conforme demonstra estudo de custo e custeio elaborado pela Federassantas, com endosso do Ministério Público de Minas Gerais.
A expectativa para estancar esse prejuízo está inclusão de novos programas estaduais e federais e na renegociação dos contratos, que será proposta pela Santa Casa em outras bases no momento de seus vencimentos, previsto para ocorrer agora no segundo semestre.
Segundo o Tesoureiro interino da instituição, Jorge Akel, não dá mais para trabalhar com prejuízo todos os meses. “Chega uma hora que ninguém mais aguenta, nem os gestores voluntários da Santa Casa nem os fornecedores, que, por mais boa vontade que tenham, chega um momento que não dá mais para continuar”. As consequências, como se sabe, é o sofrimento da população que depende do SUS, devido ao risco de novas paralisações de atendimento de internações eletivas (marcadas), seja para clínica médica ou mesmo para cirurgias.
O Provedor interino, que fica no cargo até o final deste ano, Sebastião dos Reis Felizardo, tem uma preocupação a mais: a dívida geral da instituição, que até dezembro do ano passado era de R$ 12 milhões e como a amortização foi pequena diante do montante devido, estima que deva chegar a R$ 15 milhões até no final de seu mandato. “O que nos dá certa tranquilidade é que as autoridades e as lideranças da cidade têm conhecimento de todos os valores movimentados pela Santa Casa. O Ministério Público tem acompanhado de perto nosso trabalho e nos dado apoio na busca de soluções”.
Apesar de todas dificuldade financeiras, o serviço oferecido pela Santa Casa, tanto para usuários do SUS, como para pacientes oriundos de convênios, ou mesmo particulares, devido a sua qualidade, é avaliado positivamente.
São muitas as manifestações de satisfação. Segundo Larissa Borges de Resende, que é a Diretora-Superintendente responsável pela administração interna do hospital “isso deve à qualidade do corpo clínico e a dedicação e comprometimento dos funcionários. Todos procuram dar o melhor de si para atender as pessoas no momento que procuram o hospital”.