A UTI está em funcionamento integral, com todos os leitos em uso
Os atendimentos hospitalares da Santa Casa de Araxá, que foram interrompidos em março durante mais de 20 dias, aos poucos, voltam a ocorrer. “À medida que os recursos aparecem os serviços são retomados de forma gradual”, explica o Provedor interino Antônio Ribeiro.
Atividades atualmente em operação
A UTI está em funcionamento integral, com todos os leitos em uso. Pelas características da atividade, esta unidade não teve interrupção em nenhum momento. Todos os pacientes internados tiveram assistência integral. Nem mesmo a greve parcial dos técnicos de enfermagem ocorrida durante sete dias afetou a proteção aos internados.
O mesmo ocorreu com a maternidade e o berçário do convênio SUS e com os casos de emergência. Agora, aos poucos, voltam a ser realizadas as internações eletivas (programadas) de cirurgia. Na Clínica Médica, os atendimentos ocorrem, atualmente, de forma parcial, de acordo com a disponibilidade de insumos, materiais e medicamentos.
Motivo da suspensão dos serviços
A causa foi a absoluta falta de recursos financeiros, que atingiu situação insustentável. Nem mesmo a folha de pagamento dos funcionários de fevereiro havia sido paga na data de seu vencimento (7 de março), o que veio a ocorrer somente no dia 26. O atraso gerou situação de aflição em alguns colaboradores uma vez que lhes faltou até alimentos em casa e a situação somente foi abrandada por uma ação de voluntários que conseguiram cestas básicas para distribuir.
A farmácia interna também estava com estoque mínimo de medicamentos e materiais hospitalares (seringas, agulhas hipodérmicas, escalpes, kits curativo, luvas, sondas, etc.). O que havia nas prateleiras era suficiente somente para atender aos pacientes internados e para emergência, conforme protocolos médicos. A reserva de alimentos, igualmente, era suficiente apenas para nutrição dos que já se encontravam internados e dos empregados que, em decorrência de sua atividade profissional, precisam tomar suas refeições no hospital.
Como faltava praticamente quase tudo, a solução de suspensão foi inevitável. Sem condições de prestar atendimento, não poderiam ser admitidas novas internações
Como a situação foi contornada
A folha de pagamento, sem encargos, no valor de R$ 529 mil foi paga com recursos extraordinários passados pela Prefeitura, conforme acertado em reunião no Ministério Público, ocorrida em Belo Horizonte, em 18 de março. Junto com o montante da folha, a Prefeitura repassou recursos para outras duas finalidades: ajuste do quadro de pessoal (R$ 471 mil) e reforma das instalações do antigo Pronto Atendimento Municipal – PAM, que funcionou desde 2009 nas dependências da Santa Casa.
Para a aquisição de medicamentos e itens de alimentação, lavanderia e de limpeza foi utilizada verba de emenda parlamentar do Deputado Weliton Prado – PROS, de agosto de 2018 – somente foi liberada no final do mês passado, no montante de R$ 100 mil; valor suficiente tão somente para itens mínimos de regulagem de estoque.
A produção que o hospital teve em março – embora com serviços parcialmente suspensos – gerou um faturamento que foi aplicado no pagamento da folha dos funcionários de março. Também foram pagas algumas parcelas atrasadas de fornecedores estratégicos como serviços de exames laboratoriais, materiais e medicamentos, insumos e outros.
Quando for liberada a segunda parte da verba anunciada pela Prefeitura, no valor de R$ 1.050,00 (de um total de R$ 2.167 mil), mais o repasse contratual de R$ 50 mil mensais para a aquisição de materiais de órtese e próteses, alimentação enteral e exames de laboratório, a situação dos atendimentos deve se regularizar momentaneamente.
Perspectiva dos 90 dias
Conforme acertado com o Ministério Público, a Federassantas iniciou os estudos de apuração de custo e custeio SUS. Os dados contábeis solicitados já foram repassados. Enquanto isso, a Mesa Provedora está atenta aos aspectos de custo e procura suprir o hospital dentro do atual modelo de financiamento do sistema de saúde pública. É aguardada por todos a avaliação da sustentabilidade do hospital, até mesmo para ver se dentro do quadro de associados surge alguém que tenha interesse em assumir a direção da Provedoria.
No início deste mês, a Santa Casa e a Casa do Caminho foram tema de Fórum Comunitário na Câmara de Vereadores. Para um auditório lotado e com as presenças de 11 vereadores, da Presidente da Ampla e de Secretários de Saúde da região foi debatida a situação dos dois hospitais que atuam na saúde pública de Araxá. Os dirigentes das duas entidades, Antônio Ribeiro e José Tadeu da Silvam, sentados lado a lado, acompanharam, com atenção, todas as discussões ali realizada e o esforço que todos faziam para encontrar soluções.
Readequação do quadro de pessoal
Nas mudanças internas ocorridas este mês, o quadro de pessoal passou por reformulações. Áreas de trabalho foram incorporadas umas às outras, concedida maior autonomia às funções das coordenadorias internas, valorização do potencial dos funcionários que demonstraram bom desempenho e comprometimento.
Todas essas mudanças geraram até o momento redução de 10% no custo da folha de pagamento. Neste contexto, surgiu o nome da nova Diretora-Superintendente, Larissa Borges de Resende, prata da casa, com uma folha de serviços de 18 anos dedicados à Santa Casa. Ela é graduada em Enfermagem, especialista em Gestão Hospitalar e mestra em Promoção de Saúde, entre outros títulos. Larissa tem o respeito do corpo clínico, admiração dos colegas e a confiança da Mesa Provedora.
Sobre a reforma do antigo PAM
O montante da verba de R$ 117 mil repassada pela Prefeitura cobre parcialmente o orçamento mínimo apresentado por fornecedores locais. Além disso, o telhado sobre essa ala do hospital está danificado, com expressivas infiltrações e goteiras, o que resulta que as obras internas não poderão ser feitas no momento.
A recuperação do telhado e da parte interna tem orçamento de R$ 250 mil. Ainda não foi identificada a fonte de recursos complementar à verba repassada pela Prefeitura. As instalações depois de reformadas serão ocupadas com remanejamentos internos para melhoria de atendimento e até mesmo para suprir demandas de vazios assistenciais.